Noite de autógrafos agita ABI


16/11/2011


 
Dezenas de pessoas compareceram ao lançamento do livro “Líbia: Barrados na fronteira”, do jornalista e conselheiro da ABI Mário Augusto Jakobskind, na última sexta-feira,  11 de novembro, na ABI. A obra conta a história da delegação brasileira encarregada de enviar à ONU um relatório sobre a situação na Líbia, que ficou barrada na fronteira com a Tunísia, e aborda também as falhas e contradições da cobertura sobre os conflitos que ocorriam e ainda ocorrem na Líbia. O livro é mais uma edição da Booklink (www.booklink.com.br), e o evento foi uma iniciativa da Diretoria de Cultura e Lazer da ABI, com o apoio da Lidador.
 
 
Antes da distribuição de autógrafos, o autor do livro participou de um debate sobre a situação da Líbia e a primavera árabe, com a professora universitária e editora da revista Cadernos do Terceiro Mundo. No debate houve exposição de imagens e vídeos não exibidos na mídia brasileira sobre o conflito na Líbia.  
 
 
O Presidente da ABI Maurício Azêdo comentou sobre a relevância da publicação:
— O livro é uma contribuição importante que o Mário Augusto Jakobskind, um dos mais abalizados comentaristas internacionais da nossa imprensa, oferece para a compreensão do drama que o povo líbio está vivendo nesse momento sob a pressão das potências imperialistas, comandadas pelos Estados Unidos, Grã Bretanha e Alemanha. Com essa contribuição ele abre um espaço pra discussão do que houve e do que está havendo na Líbia, como uma forma de tornar bem clara a motivação das forças que agem na Líbia hoje em dia.
 
Jakobskind comentou sobre qual foi sua motivação para escrever o livro:
— Fui incentivado pelo editor da Booklink, o Glauco. A ideia inicial era, além de participar da elaboração de um relatório junto com nove outras pessoas, fazer um livro sobre o que ia haver na Líbia. Eu achei que, já que não deu pra entrar na Líbia, foi impossível por causa da barreira, não sairia mais o livro. Então o Glauco me mandou um e-mail e disse “você já está com o livro”, e lá já comecei a elaborar o livro, quando fiquei uma semana em Túnis (capital da Tunísia) esperando a possibilidade de entrar na Líbia por terra, e o livro nasceu a partir daí.
 
 
Cobertura
 
 
Para o autor, seu livro é uma tentativa de expor o outro lado, que não foi mostrado na cobertura jornalística feita por veículos como a Al-Jazeera e a CNN. O autor criticou a forma como foram conduzidas as reportagens:
— Foi uma cobertura no meu ponto de vista bastante falha e tendenciosa, e os preceitos jornalísticos de ouvir os dois lados em pé de igualdade não foram seguidos. A Al-Jazeera, que é uma emissora de televisão lá do Qatar, deixou a desejar, manipulou imagens, a CNN também, fizeram exatamente a mesma coisa. E muitas informações que não chegaram aqui no Brasil estão aí no livro. Inclusive no final eu coloco uma questão específica para os estudantes e professores de Jornalismo, para que os acontecimentos na Líbia, em matéria de cobertura jornalística, sirvam para a reflexão no estudo do Jornalismo.
 
 
Beatriz Bissio ressaltou os problemas da cobertura jornalística, e a forma como as informações chegam até o público:
— Precisamos pensar de que forma nos informamos e formamos a nossa opinião a respeito do que está acontecendo em geral no mundo, e particularmente no norte da África e no Oriente Médio. No mundo árabe, a respeito do qual há uma grande desinformação, quando não uma informação deturpada e tendenciosa que procura fazer com que a opinião pública seja levada a assumir como válida algumas atitudes imperialistas, como por exemplo a agressão da OTAN, que diz salvar os direitos humanos da população Líbia, massacrou quase 50 mil líbios. É uma forma bastante sui generis de fazer respeitar os direitos humanos.
 
 
Em seguida, a professora complementou:
— Se a cobertura estiver como em geral está, muito enviesada, cheia de preconceitos e interesses embutidos numa aparente neutralidade, vai acontecer que a opinião pública não vai conseguir acompanhar, não somente o que está acontecendo lá, mas também não vai conseguir acompanhar decisões de política externa soberana do Brasil. Porque os fatos da forma como eles são apresentados levarão a uma contradição em relação a política externa brasileira, que tem sido absolutamente coerente pelo menos nesses últimos períodos do governo Lula e agora na presidência da Dilma, com todos os princípios que tem norteado a política externa do Brasil ao longo da história, e com todo o direito que o Brasil tem de assumir um protagonismo de primeira linha.