Sapucaí recebe 1,5 mil profissionais de imprensa


11/02/2013


No mês de fevereiro os olhos do Brasil e do mundo se voltam para a maior festa popular do País. A movimentação de foliões no Rio de Janeiro, Salvador e Recife – as cidades que concentram as maiores comemorações carnavalescas – atraem as atenções do público e exigem uma forte organização por parte dos veículos de comunicação para levar às ruas uma legião de repórteres, cinegrafistas, fotógrafos, locutores e produtores. Na capital fluminense, onde acontece um dos mais tradicionais e grandiosos desfiles de escolas de samba, é aparelhada uma volumosa infraestrutura para receber um contingente de mais de 1,5 mil profissionais de imprensa brasileiros e estrangeiros.
 
De acordo com informações da Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro – Riotur, até a semana anterior ao Carnaval, haviam sido credenciados para trabalhar no Sambódromo da Marquês de Sapucaí 1.154 profissionais da imprensa nacional e 341 do exterior, mas esse número tende a aumentar pois muitos profissionais se cadastraram momentos antes da entrada das escolas na Passarela do Samba.
 
Entre os veículos brasileiros cadastrados para a cobertura, o maior número foi de sites e portais da internet. Ao todo, foram 55 veículos online, seguidos por 43 jornais, 43 rádios, 37 revistas, 11 TVs e sete agências de notícias. Mas o maior número de profissionais de comunicação cadastrados foi o das rádios, que em 2013 investiram pesado na cobertura dos bastidores do carnaval e na contratação de comentaristas, levando 480 comunicadores ao Sambódromo.
 
Entre esses profissionais estava o novato na cobertura da Marquês de Sapucaí Maurício Costa. Em seu primeiro ano na rádio EBC, esse também foi seu primeiro ano como repórter de carnaval. Ainda com as primeiras escolas entrando na Avenida no domingo de Carnaval, 10 de fevereiro, o jornalista não escondia que estava se esforçando pra manter o pique para correr atrás de celebridades e personagens emblemáticos do Carnaval.
 
“É muito cansativo, mas é emocionante ao mesmo tempo. Eu acompanhei a Inocentes de Belford Roxo, que esse ano está estreando no Grupo Especial, que conseguiu terminar o desfile na marca. O esforço dos componentes é algo que eu não vou esquecer”, conta.
 
O repórter conta que também ficou emocionado com a resposta do público ao desfile. “Você encontra aqui no Sambódromo pessoas das mais diferentes origens, mas no momento em que uma escola passa na Avenida, o sentimento de quem está no Setor 1 [conhecido como o mais popular entre as arquibancadas] e a o camarotes é o mesmo. Naquele momento estão todos unidos, apesar das diferenças”, descreve Maurício.
 
A dimensão do espetáculo impressiona não apenas os focas, mas também quem já tem uma larga experiência na Sapucaí. Rodney Bandeira de Mello cobre há quase 15 anos o carnaval da Sapucaí para redes de televisão como Band, Record e CNN e também como profissional independente. Há três anos, o cinegrafista e videorrepórter vem à Avenida como correspondente internacional para a agência de notícias chinesa Xinhua. Segundo o profissional, a paixão que movia as escolas de samba há anos atrás vem dando lugar cada vez mais ao profissionalismo.
 
“Hoje o que move esse espetáculo acima de tudo é o business. Não dá mais para colocar uma escola na Avenida apenas com o amor dos integrantes. É preciso técnica, investimento e muita criatividade. Atualmente, o símbolo maior do carnaval carioca é o trabalho do carnavalesco Paulo Barros, que para mim é um mestre”, analisa Mello.  
 
É o que aponta também o jornalista de O Globo Marcello Mello, que não foi à Sapucaí para a cobertura mas como jurado do prêmio Estandarte de Ouro, concedido pelo jornal aos destaques do carnaval carioca. Em seus 20 anos de júri, ele conta que assistiu ao crescimento da organização e da técnica em detrimento de sambas que empolguem o público e deixem sua marca na história.
 
“No meu primeiro como jurado, em 1993, assisti ao desfile do Salgueiro cujo o enredo era ‘Peguei o Ita no Norte’, em que os versos do samba ‘Explode coração/ Na maior felicidade’ são cantados até hoje. Desde então, nunca mais houve um samba que contagiasse assim. Por outro lado, temos um desfile visualmente impecável, como o famoso carro do DNA Humano que o Paulo Barros trouxe pela Unidos da Tijuca em 2004”, afirma Marcelo. 
 
Olhar estrangeiro
 
Os carros teatralizados, uma marca do trabalho do carnavalesco Paulo Barros, voltaram mais uma vez esse ano na Unidos da Tijuca. A campeã do Grupo Especial de 2012 trouxe esse ano o enredo sobre a Alemanha, desde a mitologia e o folclore do país europeu até suas contribuições econômicas e culturais ao mundo atual. O desfile deixou impressionado o corresponde do canal alemão ZDF na América do Sul, Andreas Wunn. O jornalista, que mora no Rio e há três anos cobre os desfiles, conta que esse ano foi especial para ele.
 
“Eu acompanhei toda a preparação da escola para trazer esse carnaval, e mesmo assim foi muito interessante ver como eles conseguiram brincar com todos os clichês do meu país. Foi realmente uma apresentação emocionante”, falou o jornalista logo após o término do desfile da agremiação com sede no Morro do Borel.
 

Impressionante também foi o adjetivo usado pela fotógrafa do site do canal francês TF1, Tania Meppiel. A profissional veio da França especialmente para cobertura dos desfiles na Marquês de Sapucaí. Em sua primeira vez no Brasil, ela contou que ficou impressionada com a riqueza de detalhes do desfile do Salgueiro, que trouxe o enredo sobre a fama. “É espantoso, dá vontade de fotografar tudo. Para onde olhamos, vemos algo diferente, surpreendente. Desejo muito voltar no próximo ano, espero que meus chefes permitam isso”, brincou a fotógrafa.