Morre um dos últimos expoentes da época de ouro do rádio


02/09/2009


O corpo do cantor e radialista Nelson Roberto Perez, o Bob Nelson, foi enterrado no cemitério São João Batista, na manhã deste sábado, dia 29. Aos 91 anos, o cantor, conhecido por participar de bailes e programas de rádio, sofreu uma parada cardíaca e complicações pulmonares. Ele estava internado há dois meses em um hospital no Centro do Rio.

Ídolo de Roberto e Erasmo Carlos, Nelson Roberto Perez, antes de iniciar a carreira na Rádio Tupi de São Paulo, em 1943, quando adotou o nome artístico de Bob Nelson, trabalhou como caixeiro-viajante, percorrendo todo o território nacional, e na farmácia de propriedade de seu irmão.

Vindo para o Rio de Janeiro, passou a trabalhar na Rádio Tupi e a cantar na noite carioca. Na então Capital Federal, participou de programas vespertinos de grande audiência na televisão nas décadas de 50 e 60 voltados para o público infantil, como “O mundo é da criança”, no qual atuava ao lado de Aérton Perlingeiro, na extinta TV Tupi.

No Rio, ainda assinou contrato de exclusividade com a Rádio Nacional, emissora de maior audiência na época, onde permaneceu até os anos 70, e para onde levou o então desconhecido sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga, que deslanchou a partir de então, ficando conhecido como “O rei do baião”.

Pioneiro na fusão entre a música caipira brasileira e o country norte-americano, no início dos anos 40, inspirado nos filmes de Gene Autry, o artista passou a se caracterizar como “tirolês-caubói”, interpretando canções do Oeste americano com adaptações e versões em português para as letras.

Em 1943, foi premiado pela Rádio Cultura de São Paulo por sua versão de “Oh, Susana”, de Stephen Foster, um dos maiores sucessos da carreira do “vaqueiro alegre”, que também atuou no cinema em filmes como “Segura esta mulher”, de 1946, e “Este mundo é um pandeiro”, de 1947, ambos dirigidos por Watson Macedo, para a Atlântida.

Com a introdução da Coca-Cola no Brasil, nos anos 40, Bob Nelson participou da primeira campanha publicitária do refrigerante, ao lado de Emilinha Borba e Francisco Alves, trajando roupa e chapéu de vaqueiro, e com um lenço amarrado no pescoço, seu visual típico. A primeira calça jeans brasileira, a Far West, também o teve como garoto-propaganda.

Em 1974, foi homenageado por Roberto e Erasmo Carlos com a canção “A lenda de Bob Nelson”, gravada pelo Tremendão. Antes de morrer, Bob Nelson, nascido em 1918, na cidade paulista de Campinas, morava há 60 anos em Copacabana, na Rua Paula Freitas, sendo um dos últimos integrantes de época de ouro do rádio brasileiro.