Acusado de matar o jornalista Rodrigo Neto é condenado a 16 anos de reclusão


Por Cláudia Souza*

20/06/2015


Sentença foi lida pelo juiz Antônio Augusto Calaes (Foto: Patrícia Belo/G1)

Sentença foi lida pelo juiz Antônio Augusto Calaes (Foto: Patrícia Belo/G1)

Alessandro Neves Augusto, conhecido como ‘Pitote’, foi a julgamento nesta sexta-feira, dia 19, no Tribunal de Justiça de Minas Gerais(TJ-MG), que determinou a sentença de 16 anos de reclusão em regime fechado. O repórter foi assassinado em março de 2013, em Ipatinga, no Vale do Aço (MG). Alessandro também é acusado da morte do fotógrafo Walgney Assis Carvalho.

Em 2014,  o ex-policial civil Lúcio Lírio Leal foi condenado de 12 anos de prisão por também ter participado do assassinato de Rodrigo Neto de Faria.

Os nomes dos sete jurados, quatro homens e três mulheres, que integraram o Conselho de Sentença do TJ-MG, foram sorteados na abertura da sessão, que teve início às 9h10, encerrando às 18h32, após a leitura da sentença pelo juiz Antônio Augusto Calaes, que negou ao réu o direito de recorrer em liberdade.

— Estou satisfeito com a condenação de Alessandro Neves, mas a pena não foi justa por tratar-se de um crime bárbaro. O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) vai recorrer para aumentar a pena do condenado, declarou o promotor Francisco Ângelo Assis.

O advogado Rodrigo Márcio, defensor do réu, disse que não existem provas suficientes para a condenação e que vai recorrer. Durante o julgamento, Rodrigo Márcio alegou “contradições no processo contra o cliente” e citou o nome de Walgney Assis Carvalho como o autor do crime contra Rodrigo Neto. Em seu depoimento Alessandro disse que não matou o jornalista e que desconhece o motivo pelo qual foi acusado.

O promotor Francisco Ângelo Assis refutou a tese da defesa destacando a existência de “provas fartas e claras” colhidas ao longo de sete meses de investigação que levaram à autoria do réu.

O delegado Emerson Morais, que coordenou o trabalho de investigação sobre a morte de Rodrigo Neto foi o primeiro a ser ouvido como testemunha de acusação. O policial ressaltou que as evidências apontam a motivação como queima de arquivo, e relatou as provas que relacionam Alexandro Neves à execução do repórter.

Rodrigo Neto era apresentador do programa sobre a pauta policial na Rádio Vanguarda, e trabalhava como repórter no “Jornal Vale do Aço”. Rodrigo encaminhou denúncia à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais a respeito do envolvimento de policiais nos crimes que ficaram conhecidos como “Chacina de Belo Oriente”, publicou matérias sobre a atuação do grupo de extermínio “Moto Verde”, e sobre dezenas de casos que incriminavam policiais militares da região.

Crimes

Rodrigo Neto foi assassinado na madrugada do dia 8 de março de 2013. De acordo com a Polícia Militar, o crime ocorreu próximo a um bar na Avenida José Selim de Sales, no bairro Canaã, em Ipatinga. O jornalista havia saído do bar e seguido em direção ao seu carro, quando dois homens em uma motocicleta se aproximaram do veículo do repórter e efetuaram três disparos. Rodrigo Neto, atingido por dois tiros, chegou a ser socorrido e levado para o hospital, onde morreu em decorrência dos ferimentos.

O repórter fotográfico Walgney Assis Carvalho foi morto a tiros na noite do dia 14 de abril de 2013, em Coronel Fabriciano, no Vale do Aço. O crime ocorreu em um pesque-pague no bairro São Vicente. De acordo com a Polícia Militar, um homem que conduzia uma motocicleta teria se aproximado do fotógrafo e efetuado os disparos.

Walgney, que era colega de trabalho de Rodrigo Neto, foi morto 37 dias após o assassinato do jornalista. Durante as investigações, a Polícia comprovou a correlação entre os crimes e o envolvimento de Alessandro Neves nos dois casos.

*Fonte: “Estado de Minas”, G1 Vales de Minas Gerais

* Clique nos links abaixo para ler as matérias sobre o caso de Rodrigo Neto:

– Alessandro é apontado como autor dos disparos contra Rodrigo Neto

– Acusado da morte de jornalista em Ipatinga vai a júri nesta sexta

– Acusado de matar jornalista em MG irá à júri popular