Imprensa argentina reclama de intimidação


12/04/2010


Cristina Kirchner

A Associação de Entidades Jornalísticas da Argentina (Adepa) divulgou em seu relatório anual que o país passa atualmente por um dos “momentos mais críticos para a liberdade de imprensa”, mesmo depois de restaurada a democracia com o fim da ditadura militar, em 1983..

As críticas dos representantes das empresas jornalísticas são dirigidas contra o Governo da Presidenta Cristina Kirchner, que desde março de 2008 é acusada de manter um confronto com os principais veículos de comunicação, preferencialmente contra o jornal Clarín e o canal de televisão Todo Notícias.

Segundo o relatório dos empresários das entidades jornalísticas, os meios de comunicação argentinos estão “sofrendo uma inédita campanha de insultos ao jornalismo por parte do poder político”. No documento, eles acusam o Governo Kirchner de utilizar os meios de comunicação estatais de “forma abusiva fins partidários”.

A Adepa também criticou o critério adotado pelo Governo para a distribuição da publicidade oficial, indicando que há indícios de privilégios para os jornais nitidamente favoráveis à administração Kirchner, independentemente do volume de circulação.

As críticas das entidades jornalísticas apontam também “a recente negativa do Governo em fornecer informação pública sobre as quantias” gastas na publicidade oficial por parte da Presidenta Cristina Kirchner.

Irregularidades

De sua parte o Governo argentino há dois anos vem acusando a imprensa de tentar implementar um “golpe de Estado” em aliança com os ruralistas e a oposição. Em 2009, foi aprovada em caráter de urgência a polêmica Lei de Mídia, que impôs uma séria de restrições às empresas de mídia favorecendo aquelas que são alinhadas com o casal Kirchner.

Pesa sobre essa medida a acusação de que a votação ocorreu em meio a uma série de irregularidades — inclusive a lei está temporariamente suspensa na Justiça. Enquanto isso, o Governo tenta reverter a situação apelando aos tribunais.

A pressão do Governo Kirchner ganhou o apoio do Sindicato dos Caminhoneiros, que realizou bloqueios nas portas das gráficas dos jornais La Nación e Clarín, impedindo por diversas vezes a distribuição dos exemplares. Em nenhuma das vezes em que foi acionada a polícia apareceu para dispersar os piquetes.

Segundo a Adepa, o Governo demonstra “passividade” perante “ações de intimidação e violência de grupos ou setores contra jornalistas e empresas jornalísticas”.

* Com informações do Estadão.