Vida de Teotônio Vilela no Cine Macunaíma


16/03/2021


Vida de Teotônio Vilela no Cine Macunaíma

O Cineclube Macunaíma exibe hoje (16/3) O Evangelho segundo Teotônio (1984), o segundo longa metragem da Mostra Vladimir Carvalho que acontecerá todas as terças-feiras de março, no canal da ABI do YouTube, estando disponível para o público a partir das 10 horas de hoje até o dia 23. O documentário colorido de 1h30 conta a vida e a obra do usineiro e senador alagoano Teotônio Vilela desde o seu nascimento até sua morte por câncer, aos 66 anos.O filme tem depoimentos de Lula, Leonel Brizola, Miguel Arraes  e do jornalista Carlos Castelo Branco.

Às 19h30, haverá debate do diretor do filme com os cineastas Silvio Tendler e Sérgio Moriconi, o produtor cinematográfico Cavi Borges e Ricardo Cota (mediador). Os outros dois filmes de Vladimir Carvalho a serem exibidos são Barra 68 (23/3) e Conterrâneo Velho de Guerra (30/3).

O documentário com 1h30 sobre Teotônio dá ênfase ao homem público e um dos responsáveis pela campanha Diretas-Já. Em duas décadas, ele foi deputado estadual, vice-governador e senador por seu estado natal, mas a obra mostra também a sua infância como menino de engenho até a etapa final, com sua célebre campanha pela restauração da democracia no país mesmo à beira da morte. A narração é da atriz Esther Góes. O filme foi premiado com a Margarida de Prata de 1985, concedida pela CNBB e a direção de arte é de Henfil.

Em setembro de 1983, os compositores Milton Nascimento e Fernando Brant lançaram em homenagem a Teotônio, O Menestrel das Alagoas, cantada por Fafá de Belém, a música que se transformaria em hino da campanha das Diretas-Já, assim como Coração de Estudante. O movimento tomou conta do Brasil, nos primeiros meses de 1984, exigindo que o Congresso aprovasse a emenda constitucional que instituía a eleição direta para sucessor do presidente João Figueiredo.

O cineasta Vladimir Carvalho, de 86 anos, é de Itabaiana na Paraíba, mas fez faculdade de Filosofia em Salvador onde conheceu Caetano Veloso e Glauber Rocha, integrando o Cinema Novo e sendo parte da vertente documentarista do movimento. Ao mesmo tempo, influenciado e influenciando o cineasta baiano com sua cinematografia documentária inovadora. Em 1964, quando foi instalada a ditadura militar no país, Vladimir e o cineasta Eduardo Coutinho foram surpreendidos quando filmavam Cabra marcado para morrer,  no engenho Galiléa, em Pernambuco. Entraram na clandestinidade porque sabiam que seriam presos quando filmavam o tema explosivo das Ligas Camponesas. Passou a usar o nome de José Pereira dos Santos e como Zé dos Santos, tornou-se escultor de santos de madeira, em um sítio no interior da Paraíba.

Ao sair do esconderijo, veio para o Rio de Janeiro onde conheceu Arnaldo Jabor, aprendendo com o cineasta carioca a forma descontraída de filmar, indo também trabalhar como repórter no Diário de Notícias quando cobriu as passeatas contra a ditadura e a dos cem mil, além de entrevistar líderes estudantis. Em 1969, faz seu curta A Bolandeira, ganhando um dos prêmios do Festival de Brasília, cidade onde se instalou, realizando documentários sobre as questões sociais. Ganhou diversos prêmios como a Margarida de Prata, da CNBB.

Em 1971, seu longa metragem O País de São Saruê foi retirado do Festival de Brasília pela censura federal. Convidado para exibição no Festival de Cannes não pode aceitar porque só havia uma cópia que não podia sair do país. Em 1979, com a abertura da ditadura, São Saruê é exibido no Festival de Brasília, ganhando o Prêmio Especial do Júri. Na década de 1980 filmou os longa O Homem de Areia (1981), a realidade dos candangos com uma chacina de operários num acampamento de uma das empreiteiras da construção de Brasília.

Em 1990, Conterrâneos Velho de Guerra surpreende o Festival de Brasília e sai com diversos prêmios, revertidos na construção da Fundação Cinememória e, em 2004, torna-se embaixador cultural da cidade. Em 2005, filma o Engenho de Zé Lins já como presidente da Fundação Astrojildo Pereira de divulgação da cultura brasileira. De sua filmografia constam 24 documentários.