O Rei do Samba no Claquete mostra vida de Geraldo Pereira


21/04/2021


Filme de Geraldo Pereira no Claquete Musical

Claquete Musical faz uma homenagem hoje ao compositor mineiro Geraldo Pereira (1918 -1955), a partir das 19h30, com um bate-papo entre o apresentador do programa, jornalista e produtor cultural Paulo Figueiredo; o jornalista e escritor Luis Pimentel, um dos autores do livro Um Escurinho Direitinho, Vida e Obra de Geraldo Pereira  (Luís F. Vieira, Luis Pimentel e Suetônio Valença); Alexandre Palma, cineasta, que produz um filme sobre o compositor; e Valmir Araújo Santos, professor de Historia e Filosofia e sobrinho neto de Geraldo Pereira que desenvolve um museu virtual para o tio.

A partir das 10hs de hoje, o documentário O Rei do Samba de José Sette, será exibido no canal da Associação Brasileira de Imprensa do YouTube  onde também será realizado o encontro do Claquete Musical. O filme apresenta trajetória de Geraldo Pereira, um dos maiores compositores do Brasil. São dele os clássicos como Falsa Baiana ( Baiana que entra no samba e só fica parada/Não samba, não dança, não bole nem nada/Não sabe deixar a mocidade louca), Sem Compromisso (Você só dança com ele/E diz que é sem compromisso/É bom acabar com isso/Não sou nenhum pai-joão/Quem trouxe você fui eu/Não faça papel de louca/Prá não haver bate-boca dentro do salão), EscurinhoAcertei no Milhar (Etelvina, Acertei no milhar/Ganhei 500 contos/Não vou mais trabalhar) e Bolinha de Papel.

Geraldo Pereira
Mineiro de Juiz de Fora, de origem bastante humilde, Geraldo nasceu em 23 de abril de 1955, dia de São Jorge. Após deixar sua cidade, foi morar no Rio de janeiro, no Morro da Mangueira, onde trabalhou como motorista de caminhão da empresa de limpeza urbana do Rio e, a exemplo de Cartola, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento, seus companheiros de rodadas de samba, ganhou a admiração de gigantes da MPB, como Chico Buarque, João Gilberto, Roberto Silva, Ciro Nogueira, Moreira da Silva, Zeca Pagodinho, dentre muitos outros que se encantaram com seu estilo de samba sincopado e melodias sofisticadas.

O compositor tinha uma vida boêmia e desregrada, por isso faleceu jovem, em 1955, aos 37 anos, pouco tempo depois de levar um violento soco, durante uma briga com o lendário malandro da Lapa Madame Satã, o que levantou especulações de que essa teria sido a causa da sua morte. Na verdade, pelos depoimentos de amigos, e do próprio Madame Satã, o artista já estava com a saúde bastante debilitada e, mesmo assim, continuava sua vida de bebedeira pelas madrugadas do Rio de Janeiro. Este, provavelmente, foi o motivo da sua morte, alguns dias depois de ser internado.

O filme, fornece muitas informações sobre a vida do grande compositor. Vale a pena conferir.

MUSEU

O sobrinho-neto de Geraldo Pereira, Valmir Araújo dos Santos, 59 anos, desenvolve um museu virtual para o tio, em parceria com Fabrizzio Staffa Nascimento, e prepara memorial sobre a obra e a vida do mestre do samba-sincopado.  Ele tinha apenas 14 anos quando a mãe lhe contou histórias de seu tio, Geraldo Pereira. Tomou, então, a decisão de tornar o museu realidade porque sentiu que muita gente gostava de Geraldo,

mestre do samba-sincopado, morto em 8 de maio 1955. Conta que conheceu um rapaz holandês que chegou ao Rio procurando algo sobre Geraldo Pereira e se apaixonou. Hoja, faz doutorado em cima das músicas do tio na Uerj. Há, no Rio de Janeiro, muitas produções culturais em cima do sambista, além do documentário O rei do samba (1998), do cineasta mineiro José Sette.

Desde 2003, quando fundou o Centro de Artes Geraldo Pereira, no Morro da Mangueira, que ele oferece oficinas de música, dança e reforço escolar às crianças da periferia. O professor luta pela preservação do legado histórico do tio-avô e enumera, homenagens recebidas pelo sambista no centenário, em 2018, de grupos teatrais, da Banda de Ipanema e da Velha Guarda da Mangueira, além do título de cidadão honorário do Rio de Janeiro concedido pelo Município.

E há muitas histórias sobre Geraldo Pereira que o associam a um homem brigão, malandro e mulherengo. A suposta briga, por exemplo, com Madame Satã na Lapa, teria sido a causa da morte do compositor.  Segundo Valmir, o jornalista Luís Fernando Vieira, que entrevistou Madame Satã no presídio na Ilha Grande, em 1971, diz que ele pegou carona na conversa. A história da briga começou a ganhar coro bem depois da morte do Geraldo Pereira e por ter a questão da valentia, o Madame Satã  pegou carona na história para ele.

Não há a pretensão por parte do sobrinho-neto de mudar a imagem de Geraldo Pereira, Ele revela que há histórias de músicas que uns dizem que são de outros compositores, como aquela Sem compromisso, que disseram ser do Chico Buarque. Entretanto, o tio-avô brigava mesmo quando o assunto eram os direitos autorais.  Conta que quando criaram os LPs, Geraldo achava que, se a voz dele estava saindo de lá, deviam pagá-lo.  São histórias….deliciosas!