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Número de jornalistas mortos no mundo tem ligeira queda em 2014


Por Igor Waltz*

19/12/2014


O ano de 2014 registrou uma ligeira queda no número de jornalistas mortos em função de seu trabalho, mas os índices ainda são considerados alarmantes. É o que apontam os relatórios divulgados nesta semana por duas entidades de defesa da liberdade de imprensa. A organização suíça Press Emblem Campaign (PEC) afirma que 128 jornalistas foram assassinados em todo mundo, enquanto a ONG francesa Repórteres Sem Fronteira (RSF) registrou um número de 66 casos.

De acordo com os números do Balanço da Violência contra Jornalistas 2014 da RSF, divulgados nesta terça-feira, 16 de dezembro, foram cinco profissionais de imprensa mortos a menos em relação a 2013. Os casos de sequestrados, ao contrário, aumentaram 37%, de 87 para 119 ocorrências, sendo que 40 profissionais ainda permanecem reféns em todo o mundo.

Ainda segundo a RSF, dois terços dos assassinatos foram registrados em zonas de conflito. A Síria continua figurando como o país mais perigoso para os jornalistas, com 15 mortes, seguida dos territórios palestinos, sobretudo em Gaza (sete mortes), do Leste da Ucrânia (seis), do Iraque e da Líbia (ambos com quatro).

Somados aos jornalistas assassinados, a organização contabiliza ainda “19 jornalistas-cidadãos” e “11 colaboradores de meios de comunicação” também mortos. Em 2014, foram registradas ainda 178 prisões, 853 detenções, 1.846 ameaças ou agressões e 134 exílios.

A RSF explica que os assassinatos estão sendo praticados com maior barbárie e os sequestros aumentam consideravelmente com o objetivo, por parte de quem os comete, de impedir que exista uma informação independente. “Poucas vezes o assassinato de jornalistas para fins de propaganda foi perpetrado com tanta barbárie”, destaca o relatório.

Quase um novo recorde

Seguindo outra metodologia, o levantamento da PEC, divulgado na última segunda-feira, 15 de dezembro, afirma que 2014 esteve muito próximo de atingir o recorde do ano anterior, quando 129 profissionais foram mortos. O estudo, realizado em 32 países, põe Israel na liderança do ranking com 16 vítimas durante a ofensiva militar em Gaza. A Síria ocupa o segundo lugar, com 13 profissionais assassinados, enquanto o Paquistão aparece em terceiro.

Os dados revelam 12 repórteres mortos, a maior parte deles em áreas tribais próximas ao Afeganistão. O Iraque também ganhou destaque no relatório, com dez jornalistas assassinados, grande parte deles pela ofensiva do grupo radical Estado Islâmico (EI).

Fora da região, o país mais violento é a Ucrânia, em quinto lugar no ranking geral, com nove mortos em 2014. Segundo a entidade, jornalistas russos também foram assassinados.

“O ano que termina foi terrível para os jornalistas. O terror atingiu níveis extraordinários com a decapitação de jornalistas em público na Síria”, disse o secretário-geral da PEC, Blaise Lempen.

Já o Brasil aparece em décima posição, com quatro assassinados, empatado com a República Centro-Africana. Neste ano, perderam a vida trabalhando os profissionais Santiago Andrade, da TV Bandeirantes; Pedro Palma, do jornal Panorama Regional; José Lacerda da Silva, da TV Cabo Mossoró; e Geolino Xavier, da TV N3, da Bahia.

Por regiões, o Oriente Médio é a região mais violenta, com 46 jornalistas assassinados, na frente de Ásia (31), América Latina (27), África Subsaariana (14) e Europa (10).

Últimos cinco anos

O relatório da PEC comenta ainda que nos últimos cinco anos, entre 2010 e 2014, 614 jornalistas foram assassinados, o que equivale a uma média de 2,4 por semana. Os cinco países de maior periculosidade no curso dos últimos cinco anos foram Síria, com 69 assassinatos; Paquistão, com 63; México, com 50; Iraque, com 44, e Somália, com 39.

Em ordem decrescente, esses países são seguidos pelo Brasil (31 assassinatos), Honduras (30), Filipinas (29), a Índia (21) e os territórios palestinos ocupados (21). “Estes saldos tão elevados estão claramente vinculados aos conflitos armados violentos que perduram e que não encontram uma solução política”, ressaltou Lempen.

*Com informações da agências EFE, AFP, Lusa, EBC e site O Tempo.