Morre o jornalista Luiz Fernando Levy em SC


04/10/2017


Luiz Fernando Levy – ex-Presidente da Gazeta Mercantil

Filho do político e fazendeiro Herbert Levy, um dos fundadores da União Democrática Nacional (UDN), Luiz Fernando dedicou a vida ao jornal Gazeta Mercantil, que nasceu em 1920 como um boletim diário do mercado e se transformou no mais tradicional jornal de economia do País. O jornalista comandou o veículo por mais de 20 anos.

Quando o pai foi nomeado secretário da Agricultura pelo então governador Roberto de Abreu Sodré, nos anos 1970, Luiz Fernando, o “Lisfer”, como era conhecido, foi seu chefe de gabinete na secretaria, mas ficou pouco no cargo.

Seu sonho era fazer um jornal importante na área econômica. Trabalhou com a família numa fazenda que chegou a ter 6 milhões de pés de café no município de Sacramento, em Minas Gerais, ao mesmo tempo em que recrutava profissionais para a Gazeta. O primeiro que contratou foi Hideo Onaga e, mais tarde, Roberto Müller Filho e Matias Molina. Começava, então, em 1974, a melhor fase do jornal, que circulava com 120 mil exemplares e tinha sucursais e edições locais em várias capitais, do Rio Grande do Sul ao Recife. Tinha também uma edição em espanhol impressa em Córdoba, na Argentina.

Jornal e fazenda. Quando Herbert Levy vendeu o Banco da América para o Banco Itaú, a família passou a ter 9,7% das ações do Banco Itaú América. O patriarca ocupou a presidência do Conselho de Administração e Luiz Carlos Levy, um de seus cinco filhos, ficou com uma diretoria. Dois outros irmãos de Lisfer optaram pelo mercado de ações na Bolsa de Valores, enquanto ele continuava cuidando do jornal e da fazenda de café. Seu ideal, costumava dizer, era fazer o Brasil se desenvolver como um grande país.

A decadência dos negócios da família Levy se acelerou por causa do endividamento de suas empresas. Como não investiu na integralização de capital do Itaú, a participação no banco caiu para zero. Não havia dinheiro para enfrentar as dívidas e, com a crise, os Levy perderam a fazenda de Minas.

Em 2000, a Gazeta amargou um prejuízo de R$ 30 milhões, embora tenha tido uma receita de R$ 256 milhões. Mesmo com as dificuldades, que levaram ao fechamento do jornal, Luiz Fernando, lembram amigos e colaboradores, nunca deixou de ser um chefe “afável e amigável”.

Fonte: O Estado de S.Paulo