Manifestação contra Bolsonaro leva multidão às ruas de Porto Alegre


01/06/2021


       

Por Sílvia Marcuzzo, Jornalista, foi repórter do Correio do Povo, colaborou para a Gazeta Mercantil RS e para veículos ligados à sustentabilidade, como Envolverde e Ideia Sustentável.

Quem viveu aquela Porto Alegre que faz jus ao nome, que acolheu milhares de visitantes em edições do Fórum Social Mundial, sentiu uma ponta de esperança de dias melhores na manifestação do dia 29 de maio pelo #ForaBolsonaro. Famílias inteiras, gente de todas idades, mas a maior parte jovens, gritavam palavras de ordem, pedindo vacina e educação. O ato movimentou o centro da Capital gaúcha no sábado à tarde.

A manifestação começou no Paço Municipal, às 15h, depois seguiu pela Borges de Medeiros, entrou na Riachuelo, desceu até a frente da Usina do Gasômetro, percorreu a Praça do Aeromóvel, indo até o Largo Zumbi dos Palmares na Cidade Baixa. Não vi gente sem máscara. Pelo contrário, encontrei muita gente com mais de uma forma de proteção, com face shield e tomando cuidados, procurando manter o distanciamento devido à pandemia do Covid-19.

No Gasômetro, onde consegui chegar para acompanhar a movimentação, deu pra sentir bem que a iniciativa era diferente de outras que já presenciei. Estimo que, naquele momento, mais de cinco mil pessoas estavam no ato já que não há números oficiais sobre quantas pessoas estiveram presentes. Desde a saída do centro, novos integrantes aderiram a movimentação.

Só vi um carro de som pequeno e pouco potente com mulheres discursando. Muita, muita gente sem segurar bandeiras de instituições, como sindicato ou partidos, mas ostentando cartazes feitos à mão. A massa era de pessoas comuns, gente que saiu de casa em plena pandemia para dizer: basta!

No meio da massa também identifiquei alguns #ForaSalles, exibidos por estudantes de biologia. Havia muitos estudantes. Deu para sentir que o clamor não era só da esquerda, de movimentos sociais, mas de gente que não aguenta mais os desmandos de uma política que não valoriza a vida das pessoas, que não protege os povos originários, que não prioriza a vacinação à Covid-19. Ao contrário: que defende o uso de armas, a mineração em áreas protegidas e desrespeita até as leis de trânsito.

A relações públicas Maria Inês Mollmann levou o filho Lucas, de 16 anos, pela primeira vez a uma manifestação. “Disse pra ele, vamos participar desse momento histórico, pois não dá mais, o povo precisa ir para as ruas para manifestar sua indignação”. Ela foi do Paço até o Gasômetro e chegou a se emocionar. “As pessoas aplaudiam da sacada, senti muita esperança com tudo que vivi hoje.”

E eu, como cidadã que foi prestigiar a iniciativa, não me contive. O lado jornalista que habita em mim se misturou ao público e registrou diversas imagens com o celular. Também escrevi esse texto porque se em Porto Alegre nasceu o Fórum Social Mundial, ares de renovação estão ventando por aqui. Lembrei dos meus tempos de estagiária no telejornalismo da TVE, quando trabalhei na produção das entradas ao vivo da grande manifestação dos “cara pintada” no Largo Glênio Peres, pelo impeachment do Fernando Collor de Melo. Amanhã, vai ser outro dia…