Mais de 150 mil dizem não a Ibsen


17/03/2010


AFP

Mesmo sob forte chuva, que só parou por pouco mais de meia hora, entre 16h30min e 17h, uma multidão calculada em mais de 150 mil pessoas manifestou nesta quarta-feira, dia 17 de março, no Rio, seu protesto  contra a emenda do Deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) que confisca recursos destinados ao Estado do Rio de Janeiro e seus Municípios na exploração do petróleo. Iniciada pouco depois das 15h, com a concentração dos manifestantes diante da Igreja da Candelária, no Centro do Rio, a passeata percorreu a Avenida Rio Branco até à Praça Floriano, na Cinelândia, onde foi montado um palanque para os discursos das lideranças do movimento e de representantes da sociedade civil. Ao longo da caminhada, a multidão entoava, com adaptação, o refrão que marcou as lutas e as passeatas contra  a ditadura militar: “O Rio,  unido, jamais será vencido”.

Convocada pelo Governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral, com adesão de instituições e organismos da sociedade civil, como a ABI, a Ordem dos Advogados do Brasil-Seção do Estado do Rio de Janeiro, o Clube de Engenharia, o Instituto de Arquitetos do Brasil, o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Estado do Rio-Crea-RJ,   centrais sindicais de trabalhadores e entidades do empresariado, como a Federação do Comércio do Rio de Janeiro-Fecomércio, a manifestação estendeu-se até às 20 horas, apesar da crescente intensidade da chuva. Às faixas de protesto, com a palavra-de-ordem Contra a covardia – Em defesa do Rio, estampada também em camisas exibidas por  milhares de manifestantes, misturavam-se guarda-chuvas de todas as cores, que ajudaram a multidão a resistir à tempestade. 

Além de atrair grande  massa de cidadãos comuns, parte deles jovens que participavam pela primeira vez de um ato político dessa envergadura, a manifestação reuniu líderes e representantes políticos  de diferentes partidos, que se juntaram aos Governadores Sérgio Cabral e Paulo Hartung, do Espírito Santo, ao Ministro do Meio Ambiente  Carlos Minc (PT) e ao Ministro do Trabalho Carlos Lupi (PDT), aos  Senadores Francisco Dorneles (PP), Paulo Duque (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB), aos Prefeitos Eduardo Paes (PMDB), do Rio, Lindberg Farias (PT), de Nova Iguaçu, e  Rosinha Garotinho (PMDB), de Campos, além de deputados federais e estaduais e vereadores de vários Municípios. Sob a liderança do Governador Sérgio Cabral,  que os recepcionou no Palácio das Laranjeiras para a ida em  bloco à manifestação, vários desses convidados deram-se os braços na cabeça das colunas de manifestantes desde a Rua da Assembléia até à Cinelândia. Nesse nomento a chuva estiara; adiante, desabou forte, novamente. Nessa primeira fila estavam, entre outros, o Presidente da Câmara Municipal, Vereador Jorge Felippe (PMDB), o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado, Desembargador Luis Zveiter, o Prefeito Eduardo Paes, a Prefeita Rosinha Garotinho, o Governador Sérgio Cabral, o Senador Francisco Dorneles, o Ministro Carlos Minc e o Senador Marcelo Crivella.

Também artistas de renome aderiram à manifestação, como Xuxa e a  atriz Letícia Spíller, que procuraram  ter presença discreta, para não descacterizar o conteúdo político do ato de protesto. Diante de câmeras de televisão e de repórteres-fotográficos, ambas falaram a dezenas de jornalistas no Gabinete da Presidência da Câmara Municipal. Xuxa saiu da entrevista em companhia do Prefeito Eduardo Paes.

Antes do encerramento do ato o Governador Sérgio Cabral concedeu  entrevista coletiva no Salão Nobre da Câmara, durante a qual mais uma vez denunciou a Emenda Ibsen como uma agressão intolerável à economia fluminense, num momento em que a Cidade e o Estado do Rio de Janeiro têm pesadas obrigações perante a comunidade internacional, como a organização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpícos de 2016.   

Apesar da insistência de vários líderes, Cabral recusou discursar no ato, porque, disse, queria evitar exploração de que ele o estaria utilizando para fins eleitorais, já que concorre à reeleição em outubro próximo. Para falar em nome dos organizadores da manifestação foi então designado o Prefeito Eduardo Paes.

O ato foi encerrado com um espetáculo apresentado pelo cantor Tony Garrido e com a participação da cantora Fernanda Abreu, do conjunto furacão 2000 e do cantor MC Sapão.