Jornalistas libertados na Líbia


26/08/2011


Quatro jornalistas italianos foram libertados nesta quinta-feira, 25, em Trípoli, na Líbia. Eles foram sequestrados na quarta-feira, 24, em um trecho da rodovia que liga Zawiya a Trípoli, por homens armados, e, em seguida, entregues a outras pessoas, provavelmente homens leais a Muamar Kadafi.
 
—Os jornalistas foram libertados e estão no hotel de Trípoli, ao lado de vários repórteres estrangeiros. Eles estão bem, informa a nota do Ministério de Relações Exteriores da Itália.
 
Claudio Monici, do jornal Avvenire, da Conferência Episcopal Italiana (CEI), Domenico Quirico, do La Stampa, Elisabetta Rosaspina e Giuseppe Sarcina, do Corriere della Sera, foram libertados por um grupo de oposição aos sequestadores que mantiveram o grupo cativo em um apartamento.
 
O cônsul italiano em Benghazi, Guido de Sanctis, afirmou que o motorista dos profissionais de imprensa foi morto durante o seqüestro, por partidários de Muamar Kadafi.
 
Segundo a Associated Press, os quatro jornalistas julgaram que seriam mortos no cativeiro. Eles foram encontrados por um grupo rival aos seqüestradores. Antes da libertação, Monici e Quirico tiveram permissão dos sequestradores para conversar com suas famílias pelo telefone para avisar que estavam bem.
 
Também nesta quinta-feira, 25, um grupo de homens armados, aparentemente membros das tropas leais a Kadafi, abriram fogo contra o Corinthia Hotel de Trípoli, no Centro da cidade, onde estão hospedados os jornalistas estrangeiros que fazem a cobertura dos conflitos na Líbia.
 
Alguns jornalistas tinham sido transferidos nesta quarta-feira, 24, para o Corinthia Hotel de Trípoli, após deixarem o Hotel Rixos, onde permaneceram retidos ao longo de cinco dias. Um cinegrafista que tentou deixar o Rixos teve uma AK-47 apontada para a cabeça.
 
Um dos poucos pontos da capital ainda controlado pelas forças do ditador, o Hotel Rixos foi fortemente atacado na terça-feira, 23. Ao longo dos seis meses de conflito, o local é ponto de encontro de funcionários do Governo líbio e hospeda a imprensa estrangeira, que é mantida sob a vigilância de Kadafi. Os jornalistas não tinham permissão para visitar áreas de conflito sem um guia. 
 
Diante deste quadro, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) expressou nesta quinta-feira, 25, preocupação em relação aos jornalistas em Trípoli.
-Em concordância com as leis humanitárias internacionais, tanto civis quanto jornalistas devem ser protegidos e respeitados pelas partes envolvidas no conflito, declarou o chefe da delegação do CICV na Líbia, George Comninos.
 
Seis membros da equipe da CIVC participaram nesta quarta-feira, 24, da operação que libertou 33 profissionais de imprensa e dois civis hospedados no Hotel Rixos, alvo de ataques de partidários de Muammar Kadafi. Os libertados foram conduzidos a locais mais seguros em quatro veículos da CIVC.
—Estamos muito contentes que tudo tenha ocorrido sem problemas, mas continuamos preocupados com outros civis e jornalistas que possam estar em risco, alertou George Comninos.

Desde o início do conflito na Líbia, em fevereiro último, a CIVC já recebeu cerca de 50 solicitações de veículos de comunicação de todo o mundo e de familiares de jornalistas para a proteção dos profissionais.

 
Poder
 
Motivados pelos protestos que derrubaram os Presidentes da Tunísia e do Egito, Zine El Abidine Ben Ali e Hosni Mubarak, respectivamente, os confrontos na Líbia tiveram início há seis meses contra a ditadura de Muammar Kadafi, no poder desde 1969.
 
O acirramento dos confrontos provocou a reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou a intervenção internacional, atualmente liderada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte(Otan), em nome da proteção dos civis. No último domingo, 21, os rebeldes avançaram na capital Trípoli.
 
*Com informações da Efe.