Jornalista ameaçado na fronteira Brasil-Paraguai


10/05/2013


Jornalista Leo Veras recebeu de mensagem de celular com ameaças à sua vida. (Foto: DouradosAgora)

Jornalista Leo Veras recebeu de mensagens de celular com ameaças à sua vida. (Foto: DouradosAgora)

A situação do trabalho livre da imprensa na região de fronteira entre Paraguai e Mato Grosso do Sul continua sendo considerada crítica. Na noite da última quarta-feira, 8 de maio, em Pedro Juan Caballero, o repórter paraguaio Lourenso Veras, conhecido popularmente por Leo Veras, recebeu várias ameaças em seu telefone. O conteúdo das mensagens de texto dizia que ele é parte da lista negra de pessoas que serão assassinadas.

Leo Veras é jornalista há oito anos, proprietário do site paraguaio Pedro Juan News, colaborador de vários veículos da imprensa fronteiriça, e se destaca na área do jornalismo policial nos dois lados da fronteira, Pedro Juan Caballero, Paraguai, e Ponta Porã, Brasil.

A mensagem afirmava que o repórter entrou na lista de pessoas a serem executadas na zona de fronteira e que seria o primeiro a ser eliminado. O número de celular de onde partiu as ameaças é 436 291 0973.

De acordo com o jornalista, a ameaça é “claramente” uma retaliação contra a publicação de matéria jornalística em que ele detalha a vida de autoridades que lutam contra o narcotráfico na região fronteiriça.

Na reportagem, Leo Veras fez denúncias sobre envolvidos na morte do também jornalista Carlos Artaza, executado a tiros há cerca de um mês, em Pedro Juan Caballero. Veras também conta que agentes federais brasileiros tiveram que realizar o resgate do juiz federal Odilon de Oliveira, quando este estava em Naviraí.

Após as ameaças, o jornalista se apresentou na delegacia e registrou um Boletim de Ocorrência, para que o caso seja investigado. Segundo a polícia paraguaia, Veras foi a quinta pessoa a receber ameaças do mesmo número de celular. Anteriormente, o mesmo número de celular já teria ameaçado autoridades e pessoas próximas, além de um falso alarme de bomba que supostamente teria sido instalada em determinados locais.

Leo Veras disse que as ameaças de morte não vão intimidá-lo. “Vou continuar fazendo o meu trabalho como eu faço todos os dias. Não existe ameaça que me impossibilite. Não vou me trancar em casa por causa disso”, afirmou.

Na região de fronteira, este tipo de ameaça a jornalistas e autoridades parte geralmente de membros do crime organizado envolvidos com política. No departamento de Amambay, onde fica a cidade de Pedro Juan Caballero, jornalistas ameaçados andam escoltados por agentes da Polícia Nacional. A ameaça mais recente a um membro da imprensa fronteiriça foi ao jornalista paraguaio Carlos Artaza, que foi friamente executado no mês passado por dois homens armados a bordo de uma motocicleta.

Texto: Igor Waltz

* Com informações da Folha de Dourados, site Fronteira News e jornal O Correio do Estado (MS).