Em meio à forte crise que atinge veículos impressos em todo o mundo, o Jornal Atual celebra o projeto de expansão implementado no final do mês de setembro. Fundada em 9 de fevereiro de 2001, a publicação, que circulava apenas às sextas-feiras, passou a ser disponibilizada em quatro edições semanais nas em Campo Grande, Santa Cruz, Seropédica, Itaguaí, Mangaratiba, Rio Claro, Paracambi, Angra dos Reis e Paraty.
O jornalista Marcelo Godinho, fundador e diretor do Jornal Atual, empreendeu as mudanças que ampliaram a estrutura do veículo, o quadro de funcionários, a produção de conteúdo:
—Comecei o jornal contando com o apoio direto de duas pessoas, uma na diagramação e outra na reportagem. Um amigo contemporâneo do curso de jornalismo também me ajudou. O jornal surgiu, primeiramente, com notícias apenas de Itaguaí, minha cidade natal. Depois Mangaratiba e Seropédica e agora em parte da Zona Oeste, precisamente, Santa Cruz e Campo Grande – ainda com pouca penetração em bancas. Já circulamos em Paraty, Rio Claro, Angra dos Reis e Paracambi, cidades que achamos serem de interesse comum para nossos leitores. Temos uma pesquisa, datada de março de 2009, que mostra um público heterogêneo. Percebemos que falamos para todas as classes no mesmo nível de penetração, com uma média de audiência em torno de 60% de leitores de jornais de Itaguaí, seja com pouca instrução ou com nível superior e acima.
A reforma do Jornal Atual vinha sendo planejada há alguns anos. A oportunidade surgiu a partir de uma parceria com o setor público:
—A mudança não era esperada para este ano. Desde agosto de 2001, nossa periodicidade era semanal, com saída às sextas-feiras. Ao finalizarmos uma contratação com a Prefeitura de Seropédica, houve a necessidade de enfrentarmos o desafio de ser diário. É, na verdade, uma oportunidade que não poderia ser desperdiçada, pois é um antigo sonho. Imaginávamos chegar nessa condição aos poucos, passando para duas vezes por semana, depois três… Começamos este percurso com a mudança de nosso site, que já estava sendo atualizado diariamente, mas, de repente, desde 29 de setembro, estamos saindo com jornal impresso quatro vezes por semana, o que tecnicamente é uma publicação diária. Pretendemos seguir até chegarmos a seis vezes semanalmente.
Em relação ao campo editorial, as novidades foram incorporadas à rotina norteada pelos padrões da grande imprensa:
—Buscamos nos espelhar nos grandes jornais, fazendo um jornalismo preocupado com o dia-a-dia da região. Somos o único jornal regional vendido nas bancas. Os leitores, na verdade, dão o tom das reportagens. Por isso, as matérias policiais, por exemplo, são sempre destaque em nossas capas. Com a expansão, o jornal passa a ter a obrigação de dar informações sobre política nacional, economia entretenimento. O que o leitor tinha nos chamados “grandes jornais” vai encontrar no Atual. O noticiário sobre a nossa região é e sempre será prioridade, mas agora podemos abastecer o leitor com mais informações. Nas edições de terça, quarta e quinta, teremos os fatos que aconteceram no dia anterior. Já a edição de sexta-feira será com reportagens mais aprofundadas, num jornal maior com mais conteúdo.
Os veículos de grande porte influenciaram também as mudanças relacionadas à circulação do jornal:
—Estamos ao lado da capital e sofremos a interferência direta dos grandes jornais. Muitas vezes sofremos com isso, pois, geralmente, fazem comparação conosco na hora da compra do Atual, que custa R$ 1 o exemplar, próximo do preço dos mais populares. Mas, acredito que estamos nos saindo bem. Em novembro de 2009, fiz, por conta própria, uma pesquisa nas bancas. Constatei que estávamos em terceiro lugar em vendas. Apuramos durante sete dias o número de exemplares vendidos por todos os jornais. Fiz uma média em cada um e comparei com nossa tiragem de sexta-feira: perdemos apenas em número de exemplares vendidos, para o Extra e o Meia Hora. Isso muito nos orgulha!
Essas mudanças estruturais, sublinha Godinho, foram fundamentais para dar seguimento ao projeto:
— Contamos com dois veículos para a redação. Redação enxuta porém eficaz com seis jornalistas, oito terminais, quatro máquinas fotográficas. Dos seis jornalistas quando semanário, um era o diagramador. Agora, com o projeto do diário, aumentamos para sete a equipe e, sabemos, que logo teremos que chegar a 10, a mais… Contratamos mais um diagramador e fotógrafo. A distribuição foi ampliada para três pessoas e mais outras duas contratadas para a administração e marketing. Ainda estamos avaliando a necessidade de mais colaboradores. Rodávamos na gráfica do jornal
Lance e a partir do dia 5 de outubro, na gráfica de A Tribuna de Niterói, que permitiu o fechamento mais tarde, além de melhor preço.
As rotinas de distribuição do jornal também foram adequadas à fase de ampliação:
— Criamos um departamento de marketing e estamos revendo a venda em bancas. Antes com distribuição própria, agora passamos para capatazias e estamos abrindo pontos alternativos, que serão administrados por nós mesmos, além de focarmos mais na assinatura, com a criação do Clube do Assinante.
Para Godinho, o momento é de muito trabalho e grande entusiasmo com o crescimento do veículo:
—Sabemos que somos um jornal pequeno comparado às redações dos periódicos metropolitanos. Mas, passo a passo, seguimos em busca de nosso crescimento, nas intempéries de uma realidade ao qual os jornais brasileiros estão fadados: lê-se pouco neste país; os governantes somente gostam de jornal quando falam bem deles; o leitor nem sempre está disposto a pagar o preço de capa adequado; às vezes, liminares para recolher o jornal e… falta de grana. Sempre. Penso que um jornal verdadeiramente livre é aquele que tem condições de pagar suas contas e que tenha, de preferência, sobras para reinvestir na redação. Brinco que fui um jornalista dono de jornal até 2009, mas que, a partir desse ano, passei a ser um dono de jornal jornalista. É horroroso ficar com o salário de seus funcionários em atraso. Isso dói muito!