JB reproduz matéria de 1978 sobre Rubens Paiva


07/02/2013


Com a confirmação de que o ex-deputado Rubens Paiva foi torturado e assassinado no DOI-Codi do Rio de Janeiro, o Jornal do Brasil reproduziu reportagem originalmente publicada em 22 de outubro de 1978. Nessa segunda-feira, 4 de fevereiro, o coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Claudio Fonteles, afirmou que o ex-deputado desaparecido durante os Anos de Chumbo foi assassinado por agentes do Exército. Fonteles divulgou um relatório em que analisa documentos pesquisados no Arquivo Nacional.
 
Segundo o coordenador, esses documentos e os outros arquivos entregues à polícia do Rio Grande do Sul pela família do coronel Júlio Miguel Molinas Dias, assassinado em Porto Alegre, em novembro, desmontam a versão oficial montada pelo Exército de que Paiva foi sequestrado enquanto estava sob custódia dessa força militar.
 
Os documentos que estavam com Molinas, em Porto Alegre, confirmam que após ser preso por uma equipe do Cisa, da Aeronáutica, em 20 de janeiro de 1971, em sua casa, no Rio de Janeiro, Paiva foi entregue ao Doi-Codi no dia seguinte. Todos os documentos pessoais que estavam com o deputado cassado foram descritos.
 
No Arquivo Nacional, Fonteles se deparou com o até então inédito Informe SNI 70, de 25 de janeiro de 1971, no qual os agentes da repressão narram como foi a prisão de Paiva e como ela teria se originado.
 
Reportagem reproduzida
 
Em 1978, o Jornal do Brasil, publicou matéria questionando o sumiço do político. Intitulado “Quem matou Rubens Paiva?”, o texto original foi assinado por Fritz Utzeri e Heraldo Dias e ocupou três páginas do ‘Caderno Especial’ do veículo. Nessa segunda-feira, 4 de fevereiro, Utzeri faleceu, vítima de câncer linfático.

Diante da morte do jornalista e do anúncio da Comissão da Verdade, o JB reproduziu a matéria e enalteceu o trabalho de 35 anos atrás. “Não foi apenas uma aula de jornalismo investigativo, mas um verdadeiro desmonte da versão oficial sobre o ‘desaparecimento’ do ex-deputado Paiva. Até então, a única versão: a de que ele tinha sido sequestrado por um grupo de ‘terroristas’”. O veículo ressalta a sua ousadia ao “trazer à tona um assunto que muitos conheciam, mas que a imprensa não divulgava até por causa da censura que existiu nos anos de chumbo para alguns jornais”.
 
A reportagem, cujo trabalho de apuração teve foi reconhecido pelo Prêmio Esso, foi publicada sete anos após o assassinato de Paiva. Utzeri e Dias mostraram a inexistência do muro onde os militares alegaram terem se abrigado durante a suposta troca de tiros. Ambos também questionaram a impossibilidade de fuga do ex-parlamentar, que estava “bastante machucado e com dificuldades para respirar”.
 
*Com informações do Jornal do Brasil e do portal Comunique-se.