Preso no Rio suspeito de portar artefato que atingiu câmera da Band


Por Cláudia Souza*

08/02/2014


Fábio Raposo foi preso em casa neste domingo (9) e encaminhado para a 17º DP (São Cristóvão) (Foto: Renata Soares/G1)

Fábio Raposo foi preso em casa neste domingo (9) e encaminhado para a 17º DP (São Cristóvão) (Foto: Renata Soares/G1)

Fábio Raposo Barbosa, de 22 anos, manifestante que admitiu ter repassado um artefato para outra pessoa pouco antes de o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, de 49 anos, ser atingido durante protesto, foi preso na manhã deste domingo (9), em cumprimento ao mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. Fábio foi localizado na casa dos pais, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Depois da prisão, o rapaz foi levado para a 17º DP (São Cristóvão). Ele chegou ao local por volta das 9h55.

Depois da prisão, Fábio Raposo e o advogado Jonas Tadeu Nunes,  que defende o manifestante, foram encaminhados pela polícia para cumprir o mandado de busca e apreensão na residência do suspeito, no Méier, Zona Norte do Rio.  No local, Fábio Raposo entregou as roupas que usava no dia da manifestação e três celulares. Também foi apreendido o HD do computador. A polícia solicitou a quebra do sigilo telefônico e da internet.

Em entrevista coletiva concedida neste sábado, 8, Maurício Luciano de Almeida, delegado titular da 17ª DP (São Cristóvão), um dos responsáveis pela investigação do ataque ao cinegrafista da Band, anunciou o indiciamento de Fábio Raposo Barbosa como coautor dos crimes de explosão e tentativa de homicídio. Ele está sujeito à mesma pena do autor do crime, ainda não identificado.

Santiago Andrade, que segue em coma no Hospital Municipal Souza Aguiar, foi ferido em ato contra o aumento das passagens de ônibus, quinta-feira (6), perto da Central do Brasil, no Rio.

De acordo com o delegado Maurício Luciano o principal objetivo é identificar o elemento que efetivamente deflagrou o artefato que atingiu o Santiago.”Nas imagens, ele [Fábio Raposo] repassa o petardo para aquele que deflagrou. O fotógrafo do jornal “O Globo” que presenciou [o momento] vai poder dizer se o Fábio tentou acender ou não. O depoimento dele é inverossímil. Ele estava extremamente nervoso, gaguejando, disse que não conhece o outro, mas imagens mostram que eles tinham uma certa intimidade. Tudo que ele falou não se coaduna com as imagens”, completou o delegado.

Versão Fantasiosa

Antes de ser preso neste domingo, 9, Fábio Raposo havia se apresentado à polícia espontaneamente na manhã deste sábado, 8,  na 16ª DP (Barra da Tijuca). Acompanhado de um advogado, afirmou que segurou o artefato, mas que não o acendeu. Após ver as imagens gravadas pela TV Brasil, o delegado Fábio Pacífico, adjunto da 17ª DP, também responsável pela investigação, afirmou que a declaração de Raposo é “fantasiosa”. A Polícia Civil está analisando também as imagens do Comando Militar do Leste, da CET- Rio, da Supervia, da BBC, da TV Brasil e as do próprio Santiago para tentar identificar o outro rapaz.

José Pedro Costa, diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital, acredita que ele [Fábio Raposo] é partícipe.” Quando ele entrega o artefato, ele sabe que vai ser deflagrado, por isso ele está sendo tratado como coautor”, explicou o delegado.

Fábio Raposo já esteve detido duas vezes, sempre por algo ligado às manifestações, segundo a polícia. Uma delas foi registrada na 5 ª DP (Mem de Sá) no dia 7 de outubro de 2013. Na ocasião, o tatuador foi fichado pelos crimes de dano ao patrimônio público e associação criminosa. Em uma outra ocorrência, registrada no dia 22 de novembro de 2013 na 14ª DP (Leblon), Raposo foi autuado pelo crime de ameaça.

Segundo o delegado, não é possível dizer ainda que os suspeitos são black blocs. “Eles não estavam com uma vestimenta característica dos black blocs. Ambos estavam de camiseta cinza. A gente está vendo nas imagens se eles já estavam caminhando juntos antes de provocarem esse crime.” O delegado contou, ainda, que Raposo diz não ter relação com nenhum grupo ideológico. “A gente não pode taxá-lo de black bloc. A gente vai fazer uma investigação em redes sociais ouvindo pessoas para ver se ele realmente integra essa organização. Pediremos o auxílio da DRCI para saber se há a possibilidade de investigar trocas de mensagens de Raposo através do Facebook e então chegar ao autor da deflagração do explosivo que atingiu o cinegrafista.

*Com informações do G1