Imprensa mundial repercute tragédia no Sul


28/01/2013


A tragédia de Santa Maria (RS), que deixou centenas de mortos e feridos ganhou as manchetes dos principais jornais, emissoras de rádio e tv, sites e agências de notícias de todo o mundo. Jornais dos EUA, como o Washington Post, New York Times, e do Reino Unido, como o The Guardian, publicaram matérias e fotos sobre o incêndio na capa das edições desta segunda-feira, 28.

CNN cobriu a tragédia em tempo real, inclusive com uma correspondente em Santa Maria. A rede de notícias BBC destacou a decisão da Presidente Dilma Rousseff de cancelar os compromissos da viagem ao Chile para se unir aos familiares das vítimas.

 
Na Espanha, o El País informa que o Brasil viveu na madrugada de domingo, 27, uma das piores tragédias de sua história. Na França, os jornais Le Figaro Le Monde também deram destaque à tragédia no Rio Grande do Sul. Na Itália, o portal da agência de notícias Ansa classificou o episódio como uma carnificina.
 
Veículos da América do Sul também realizaram grandes coberturas sobre as centenas de mortes.
 
Nas redes sociais, a repercussão também é muito grande, assim como os movimentos de solidariedade que crescem em todo o País. Até o momento, mais de 4,8 toneladas de materiais hospitalares já foram encaminhados a Santa Maria para dar suporte ao atendimento dos feridos no incêndio.

Condolências

A tragédia de Santa Maria motivou uma série de manifestações de solidariedade de chefes de Estado às vítimas e familiares. Os governos da África do Sul, Honduras, Israel e Uruguai prestaram condolências ao povo brasileiro.
 
“Em nome do governo e do povo da África do Sul, gostaria de oferecer nossas sinceras condolências e simpatia ao governo e ao povo do Brasil”, afirmou, em nota, o Presidente Jacob Zuma. “Nossos corações estão com as famílias das vítimas e com os seres queridos que perderam a vida”, acrescentou o chefe do Estado sul-africano, que afirmou se sentir “profundamente triste” e desejou uma “rápida recuperação” aos feridos.
 
Em comunicado do Ministério das Relações Exteriores do Uruguai, a administração do presidente José Mujica expressou seu “profundo pesar” ao governo de Dilma Rousseff e “ao povo irmão do Brasil” pelo “trágico incêndio”. Além disso, as autoridades uruguaias enviaram “suas mais sinceras condolências” aos familiares das vítimas.
 
O Papa Bento XVI enviou nota de pesar pela morte dos jovens no Rio Grande do Sul. O telegrama, endereçado ao arcebispo da cidade de Santa Maria, Dom Hélio Adelar Rubert, é assinado pelo Cardeal Tarcísio Bertone, Secretário de Estado de Sua Santidade. Diz a nota:
 
“Consternado pela trágica morte de centenas de jovens em um incêndio em Santa Maria, o Sumo Pontífice pede a Vossa Excelência que transmita às famílias das vítimas suas condolências e sua participação na dor de todos os enlutados. Ao mesmo tempo em que confia a Deus Pai de misericórdia os falecidos, o Santo Padre pede ao céu o conforto e restabelecimento para os feridos, coragem e a consolação da esperança cristã para todos atingidos pela tragédia e envia, a quantos estão em sofrimento e ao mesmo procuram remediá-lo, uma propiciadora bênção apostólica”. 

Universidade de luto

Nesta segunda-feira, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde estudavam 114 das 231 vítimas fatais, emitiu uma nota em que decreta luto institucional e suspende suas atividades acadêmicas até o dia 1º de fevereiro. De acordo com levantamento do Departamento de Registro e Controle Acadêmico da universidade, mais da metade dos estudantes estava matriculada nos três primeiros períodos da faculdade, sendo que uma das vítimas havia acabado de passar no vestibular para o curso de Desenho Industrial. Ainda de acordo com o levantamento, todas as unidades da UFSM sofreram perdas.
De propriedade da prefeitura, o Centro Desportivo Municipal (CDM) de Santa Maria foi organizado para reunir os corpos das vítimas do incêndio, e o cadastramento dos familiares para o reconhecimento. O processo foi rápido e, no domingo, quase a totalidade das vítimas já havia sido identificada. Passaram por lá diversas autoridades, como a Presidente Dilma Rousseff, que chorou ao consolar pais de vítimas. Durante o trabalho, mais de 500 voluntários, em sua maioria universitários da UFSM, se revezaram em turnos para distribuir água e alimentos aos parentes das vítimas.
 
Durante a tarde desta segunda-feira foi realizado o velório coletivo no local. Até as 17h, aconteceram 52 enterros no Cemitério Ecumênico de Santa Maria. Duas mulheres foram levadas de ambulância para o Pronto Atendimento do bairro Patronato depois de passarem mal no cemitério. 
 
A tragédia que marcou a cidade universitária será lembrada na noite desta segunda-feira, em uma caminhada organizada por familiares e amigos dos jovens, que seguirá até a Basílica Nossa Senhora da Medianeira, onde será celebrada uma missa.

Tragédia

 
Na madrugada de 27 de janeiro, centenas de jovens participavam de uma festa na boate Kiss, no Centro de Santa Maria, para a festa promovida por estudantes da UFSM. O fogo começou durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira.
 
Por volta de 2h30m, um dos integrantes do grupo utilizou um sinalizador luminoso, cujas fagulhas atingiram a espuma de isolamento acústico da casa noturna, provocando o incêndio. As vítimas buscaram rotas de fuga, no entanto, segundo relato de sobreviventes, um grupo de seguranças bloqueou a única saída do local. Cerca de 200 pessoas morreram, em grande parte por intoxicação, e mais de 100 ficaram feridas no incêndio, que está sendo apontado como o segundo maior da História do País e a maior tragédia do Rio Grande do Sul.

* Com informações da Prefeitura Municipal de Santa Maria, UFSM, Portal Terra, Portal G1, Estadão.com.br e jornal O Globo.