Al-Jazeera lança emissora de TV nos EUA


21/08/2013


Al-Jazeera America iniciou, em Nova York, as transmissões de 14 horas de programação ao vivo por dia (Crédito: Stan Honda / AFP)

Al-Jazeera America iniciou, em Nova York, as transmissões de 14 horas de programação ao vivo por dia (Crédito: Stan Honda / AFP)

Graças a abundantes recursos, a uma ambiciosa agenda e a um grupo de repórteres famosos, o grupo de comunicação Al-Jazeera, do Qatar, lançou nesta terça-feira, 20 de agosto, sua nova emissora de informação nos Estados Unidos, com a promessa de revolucionar o jornalismo televisivo no país e de superar as expectativas do público americano.

A Al-Jazeera America iniciou suas transmissões a partir das 16h, horário de Brasília. A rede de televisão a cabo se apresentou aos telespectadores com relatos de conflitos políticos no Egito, um tiroteio em uma escola primária na Geórgia e incêndios florestais no oeste dos Estados Unidos, em sua primeira tentativa de conquistar o público, logo após a U-verse, uma das maiores operadoras de TV por assinatura dos EUA, ligada ao grupo AT&T, se recusar a distribuir o novo canal.

Inicialmente, o novo canal será recebido por 40 milhões de lares americanos, cerca de metade do alcance da CNN, do grupo Time Warner. Mas os planos são de expansão e de entrar na competição feroz travada pela CNN, MSNBC e Fox News, as três grandes do jornalismo 24h nos Estados Unidos. Globalmente, a Al Jazeera é vista em mais de 260 milhões de lares em 130 países.

A emissora terá, diariamente, 14 horas de transmissão ao vivo, além de documentários e programas de debate e boletins de notícia de hora em hora. A Al-Jazeera contará apenas com um máximo de seis minutos de publicidade por hora, comparados aos 15 da maioria dos canais.

A rede pretende fazer das reportagens em profundidade e de longa duração — formato pouco prestigiado pelos grandes grupos de TV nos Estados Unidos — o ponto forte de sua programação.

“Sabemos que os americanos querem receber uma cobertura em profundidade dos temas da atualidade que lhes interessam. Querem mais reportagens imparciais e menos partidarismo, exatamente o que a Al-Jazeera faz”, diz Ehab Al Shihabi, diretor-geral interino da Al-Jazeera America.

Oposição nos EUA

Alguns especialistas afirmam, porém que o grupo dirigido pela família real do Qatar deve se preparar para uma difícil batalha para conquistar audiência em um país como os Estados Unidos, que tem uma relação complexa com o Oriente Médio. A emissora ficou conhecida por ter divulgado, no passado, mensagens da rede Al-Qaeda, ou de Osama bin Laden.

Alguns conservadores garantem que até hoje o grupo é anti-Ocidente. “A Al-Jazeera já teve um papel na radicalização de muçulmanos no exterior, com o propósito de que os americanos fossem tomados como alvo pelo terrorismo”, criticou o diretor do lobby Accuracy in Media, Cliff Kincaid.

Ehab al-Shihabi quer acreditar que, depois que o público puder conhecer realmente a programação do canal, esses preconceitos cairão por terra. “Estamos investindo grandes quantias de dinheiro em publicidade e em estratégia de marca (…) Tenho certeza de que, em pouco tempo, a Al-Jazeera será popular”, insistiu.

Para garantir o sucesso, a emissora não poupa esforços, contratando estrelas do jornalismo americano. Ao todo, mais de 850 profissionais foram contratados para trabalhar em 12 escritórios espalhados pelo país, e 70 no mundo.

O lançamento da Al-Jazeera America acontece no âmbito da compra do canal por assinatura Current TV, co-fundado em 2005 pelo ex-vice-presidente Al Gore. David Shuster, um dos jornalistas contratados pela nova emissora e que já trabalhou na MSNBC, aprecia a ‘enorme oportunidade’, em função da enxurrada de recursos com que conta a Al-Jazeera. Para ele, o grupo está se tornando o maior do mundo no setor.

O quartel-general da Al-Jazeera America será em Nova York, perto da Penn Station. Em Washington, Al-Jazeera ficará nos estúdios que já foram ocupados pela ABC no “Newseum”, perto da Casa Branca e do Congresso.

* Com informações da AFP e da Reuters.