Brooks é indiciada no escâdalo dos grampos


15/05/2012


Rebekah Brooks, 44 anos, ex-braço direito do presidente do conglomerado de comunicação News Corp., o magnata Rupert Murdoch, e ex-executiva-chefe da News International(NEM), foi indiciada por obstrução à justiça no caso das escutas ilegais que levou, em meados de 2011, ao fechamento do tablóide News of the World, dirigido por Rebekah e pertencente ao News Corp.
 
Charlie Brooks, marido da jornalista e amigo pessoal de David Cameron, primeiro-ministro britânico, também foi indiciado pela promotoria de Londres, segundo a qual o casal teria tentado esconder evidências de que jornalistas do tablóide pagavam propina a policiais e contratavam detetives particulares em busca de informações particulares de celebridades, políticos e vítimas de crimes.
 
Também serão indiciados Mark Hanna, ex-diretor de segurança da News International, sob a acusação de ter supostamente removido documentos e computadores da redação do jornal antes da chegada de investigadores de polícia, no início da apuração do escândalo; o assessor de segurança da NEM, Daryl Jorsling, a secretária de Rebekah, Cheryl Carter; e o motorista de Charlie Brooks, Paul Edwards.
 
A pena para os acusados pode chegar até a prisão perpétua, embora o tempo médio de prisão nesses casos seja de apenas 10 meses. A assessora legal da promotoria de Londres, Alison Levitt, assegurou que há provas suficientes para processar e condenar os envolvidos.
 
—Nós lamentamos essa decisão fraca, injusta e a postura sem precedentes da Crown Prosecution Service (CPS). Vamos responder a essa ação ainda hoje, depois de retornar da delegacia de polícia responsável pelo caso, afirmou Rebekah Brooks, em nota.
 
Na última sexta-feira, dia 11 de maio, Rebekah prestou depoimento por mais de cinco horas à Comissão Leveson, que investiga a espionagem na imprensa britânica. Ela foi interrogada sobre as suas relações com David Cameron e os ex-chefes de governo Tony Balir e Gordon Brown.
 
Em seu depoimento, a jornalista disse ter recebido “apoio de forma indireta”, de David Cameron quando pediu demissão do cargo de conselheira da News International, e de Tony Blair, “mas não de Gordon Brown.”
 
A jornalista também assegurou ter recebido mensagens similares dos ministérios da Economia, das Relações Exteriores e do Interior, mas sempre de forma indireta, em clara referência de que tenham sido enviadas por intermediários.
 
Suborno
 
De acordo com as denúncias, o tablóide News of the World recorria a detetives e escutas telefônicas em busca de notícias exclusivas, entre as vítimas estão celebridades, políticos, membros da família real e até parentes de soldados mortos. Policiais da Scotland Yard também teriam sido subornados para fornecer informações em primeira mão aos jornalistas.
 
Rebekah Brooks renunciou ao cargo em 2011, após ser pressionada pelo escândalo dos grampos, e chegou a ser presa, juntamente com o marido, sob a acusação de suborno a autoridades públicas e conspiração para perverter o curso da Justiça. As denúncias levaram ao fechamento do News of the World, que circulou durante 168 anos, e pertencia ao grupo News Corp., que enfrenta acusações de irregularidades em outros países do mundo, como Austrália e Estados Unidos.  A polícia investiga ainda o uso de grampos ilegais em outros jornais britânicos. 

*Com O Globo e EFE.