Comunidade Bahá’í do Brasil pede apoio à ABI


15/09/2009


Daniella Hiche

A Assessora de Ações com a Sociedade e o Governo da Comunidade Bahá’í do Brasil, Daniella Hiche, visitou a ABI nesta segunda-feira, 14 de setembro, pedindo que a entidade apóie a sua campanha para que questões relacionadas à violação dos direitos humanos no Irã entrem na pauta de cooperação econômica entre os dois países.

Daniella Hiche foi recebida pelo Diretor de Cultura e Lazer da ABI, Jesus Chediak — representando o Presidente da entidade, Maurício Azêdo —, a quem informou que esta iniciativa está relacionada à prisão de sete dirigentes da comunidade Bahá’í iraniana no ano passado, sem acusação formal, que permanecem até hoje na prisão de Evin, sem acesso a advogados.

Os dirigentes religiosos presos são Fariba Kamalabadi, Jamaloddin Khanjani, Afif Naeimi, Saeid Rezaie, Mahvash Sabet, Behrouz Tavakkoli e Vahid Tizfahm. Todos foram detidos em suas casas em Teerã, em 14 de maio de 2008, com exceção de Mahvash Sabet, presa em 5 de março, na cidade iraniana de Mashhad.

Neste momento em que o Brasil aproxima relações comerciais com o Irã, Daniella tenta reunir personalidades-chave da sociedade civil em um encontro no Ministério das Relações Exteriores, para que seja feita uma pressão na tentativa de incluir na pauta de cooperação dos dois Estados questões relativas à violação dos direitos humanos no Irã:
— Achamos importante o diálogo entre Brasil e Irã, mas essa aproximação das duas nações não pode passar por cima das constantes violações dos direitos humanos no Irã, não apenas contra a comunidade Bahá’í, mas também contra os Curdos, os homossexuais e os movimentos feministas. O Brasil ocupa posição de destaque hoje na diplomacia internacional e pode fazer exigências.

A Fé Bahá’í é uma religião universal com representação em 188 países. Surgida há 176 anos na antiga Pérsia, atual Irã, é voltada para a promoção de ações de desenvolvimento social e econômico no mundo inteiro, com foco na defesa dos direitos humanos.

Segundo Daniella, os 350 mil membros da comunidade Bahá’í iraniana são perseguidos sistematicamente pelo Governo daquele país:
— Essa perseguição aumentou nos últimos 30 anos, devido a um manifesto que visa à extinção da comunidade Bahá’í iraniana.

Censura

A Assessora da Comunidade Bahá’í acusa o Irã de supostamente violar os direitos humanos, apesar de o país ser signatário de uma série de acordos internacionais em prol desses direitos:
— Isso acontece muito por causa da ferrenha censura imposta à imprensa iraniana. Em um país onde não há liberdade de expressão, os violadores dos direitos humanos encontram campo fértil para atuarem. Por isso que estamos buscando o apoio da ABI, que sempre se destacou pela defesa intransigente da liberdade de imprensa, declarou Daniella.

Segundo Daniella, a justificativa do Governo iraniano para manter na cadeia os sete dirigentes religiosos é a de que estariam atuando como espiões para Israel, já que a sede mundial dos Bahá’í está situada na cidade israelense de Haifa, onde em 1892 faleceu Bahá’u’lláh, fundador da religião:
— Esta acusação não procede já que os membros da religião Bahá’í firmam compromisso de respeitar todo e qualquer Governo estabelecido, não entrando em considerações político-partidárias. Nos protestos desencadeados no Irã, devido às últimas eleições presidenciais, os Bahá’ís não atuaram, pois essa participação nos é vedada.

Os integrantes da comunidade Bahá’í brasileira concentram esforços para que a reunião no Ministério das Relações Exteriores seja realizada antes do dia 18 de outubro, data em que foi marcado o julgamento dos sete membros Bahá’í presos no Irã.

Ao final do encontro Daniella informou que já conseguiu apoio da OAB, da UNE e de entidades feministas. Jesus Chediak se comprometeu em redigir um relatório sobre o apoio da entidade e submetê-lo à aprovação do Conselho Deliberativo da ABI, cuja próxima reunião ordinária está marcada para 29 de setembro.