Jornais russos apoiam jornalista investigativo preso


10/06/2019


Kommersant, RBK e Vedomosti, considerados os jornais mais respeitados da Rússia, publicaram manchetes idênticas em que se lia “”Eu sou, nós somos Ivan Golunov”, junto a editoriais em que pedem uma investigação mais transparente sobre prisão do jornalista investigativo Ivan Golunov, que cumpre prisão por tráfico de drogas e pode ser sentenciado por até 20 anos.

Ele foi abordado pela polícia em Moscou na quinta-feira, espancado e mantido em custódia por 12 horas, sem direito a advogado. De acordo com policiais russos, quatro gramas de mefedrona foram encontrados em sua mochila e foi acusado também de vender drogas. A transferência para a prisão domiciliar aconteceu no sábado, após decisão no tribunal. Antes da abordagem pela polícia, Golunov vinha recebendo ameaças.

 

A prisão de Golunov tem sido interpretada como uma tentativa de silenciá-lo e de interromper suas reportagens sobre corrupção envolvendo oficiais de alto escalão. O jornalista, que atua no site de notícias Meduza, é conhecido por suas investigações sobre a corrupção na prefeitura de Moscou e em setores obscuros como de microcrédito ou casas funerárias.

 

Desde sexta-feira, vários manifestantes fazem protestos em frente à sede da polícia de Moscou, e mais de 66.000 pessoas assinaram uma petição para exigir sua libertação, que tem recebido o apoio de colegas, inclusive da imprensa oficial, artistas e políticos.

 

Em pronunciamento a TV estatal no domingo, Yevgeny Bryun, do Ministério da Saúde da Rússia, afirmou que nos testes laboratoriais da urina de Golunov não foram encontrados vestígios de drogas. E o advogado Pavel Chikov, que representa Golunov, afirma que os testes indicaram que é improvável que o jornalista lide regularmente com drogas, como a polícia sugeriu.

 

Nos últimos anos, jornalistas na Rússia têm sido frequentemente assediados e atacados por seu trabalho, e para muitos jornalistas e ONGs, a prisão de Golunov constitui uma nova etapa da pressão sobre a mídia na Rússia.

 

O correspondente da BBC em Moscou comentou que na mídia russa, os atos de solidariedade são raros e “por este motivo a decisão de Vedomosti, RBC e Kommersant de publicarem as primeiras páginas praticamente idênticas é significativo”.

 

Fonte: Portal Imprensa