Jornalistas detidos
na Venezuela
chegam ao Brasil


13/02/2017


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Os jornalistas Leandro Stoliar e Gilson Fred Oliveira (Foto: Reprodução)

Às 5h50 da manhã desta segunda-feira (13) chegaram ao Brasil os jornalistas Leandro Stoliar e Gilson Fred Oliveira, da Record TV. Os dois foram presos na cidade de Maracaibo, estado de Zulia, no noroeste da Venezuela, durante gravações para uma série de reportagens sobre denúncias de corrupção envolvendo financiamentos do BNDES, que favoreciam empreiteiras brasileiras, inclusive a Odebrecht, citada nas investigações da Operação Lava Jato.

Em entrevista ao Balanço Geral, Stoliar descreveu o alívio que sentiu ao pisar em solo brasileiro.

— Quando a gente é preso em um país onde existe a ditadura e a polícia está acima da lei — e nós fomos presos pela polícia política —, a gente acha que não vai sair mais.

Segundo o repórter, a polícia venezuelana retirou os meios de comunicação disponíveis à equipe da Record TV e confiscou computadores, celulares, câmera e outros equipamentos de trabalho.

— A gente voltou com a roupa do corpo e uma mochila que a gente conseguiu separar.

A equipe de reportagem, que trabalhava para o Jornal da Record, ficou mais de 30 horas presa em uma sala do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin). Stoliar e Oliveira foram fichados, interrogados e passaram a ser observados a todo o tempo, inclusive quando iam ao banheiro. Não houve violência física, mas o terror psicológico foi constante.

— Assédio moral, cárcere privado, ficar sem comunicação, os policiais seguindo a gente até pra ir ao banheiro… A gente foi tratado como criminoso quando, na verdade, estávamos fazendo apenas o nosso trabalho.

Stoliar destacou ainda que as autoridades brasileiras deram a assistência necessária, mesmo não havendo representação diplomática em Maracaibo. “Eles ligaram para as autoridades venezuelanas para nos soltar”, conta. A equipe foi liberada por volta de 1h15 da madrugada de domingo e permaneceu no lobby de um hotel na cidade de Macaibro até pegar o voo de volta para o Brasil. Não havia quartos disponíveis, mas o repórter conta que, no empreendimento, eles foram alimentados e receberam um bom atendimento.

Recentemente, a Odebrecht admitiu ter pago R$ 2,4 bilhões (US$ 788 milhões) em propina a funcionários do governo, representantes e partidos políticos do Brasil e de outros 11 países, entre 2001 e 2016.

Em nota, a Record TV afirma que repudia este tipo de estratégia violenta e típica de regimes que desprezam a democracia para impedir o trabalho jornalístico. E reafirma  seu compromisso com a investigação conduzida em vários países. As reportagens serão exibidas numa série especial no Jornal da Record.