Zeidabadi vence Prêmio de Liberdade de Imprensa


11/05/2011


O jornalista iraniano Ahmad Zeidabadi recebeu o Prêmio Guillermo Cano World Press Freedom concedido a profissionais que lutam pela liberdade de imprensa. Ele foi condenado a seis anos de prisão em razão da cobertura das últimas eleições no Irã, quando foi reeleito o Presidente Mahmoud Ahmadinejad.
 
Zeidabadi foi Editor-chefe do jornal Azad, correspondente para o Hamshari Teerã, da BBC persa, e do site Rooz. Membro da Associação de Jornalistas Iranianos, é também professor de Ciências Políticas.
 
Por sua atuação em defesa dos direitos humanos, o jornalista, nascido em 1966, foi preso pela primeira vez em 2000, quando chamou a atenção do mundo ao assinar um artigo no qual descreveu as péssimas condições de vida dos prisioneiros no Irã.
 
Em março de 2001, Zeidabadi foi libertado sob fiança, e novamente preso pouco tempo depois, tendo sido condenado a 23 meses de prisão e proibido de exercer atividades públicas e sociais, incluindo o jornalismo, durante cinco anos. Em 2004, o jornalista assinou artigos sugerindo o boicote às eleições nacionais.
 
Durante as eleições iranianas em 2009, Zeidabadi foi preso juntamente com mais de 40 jornalistas e centenas de simpatizantes do movimento pró-reforma no Irã, acusados de conspirar contra o Governo. Além da pena de seis de prisão, o jornalista foi condenado a mais cinco anos de exílio interno e teve cassado o direito de exercer o jornalismo.
 
Ao anunciar o nome de Zeidabadi como vencedor do Prêmio Guillermo Cano World Press Freedom, a Presidente do Conselho da premiação, Diana Senghor, ressaltou que a prisão do jornalista demonstra a coragem em defender a liberdade de imprensa:
—A escolha de Ahmad Zeidabadi presta uma homenagem à sua excepcional coragem, resistência e compromisso com a liberdade de expressão, democracia, direitos humanos, tolerância e humanidade. Além dele, o Prêmio vai aplaudir os numerosos jornalistas iranianos que estão presos.
 
Na ocasião, a Diretora-Geral da Unesco, Irina Bokova pediu libertação do jornalista:
—Ao longo de sua carreira Zeidabadi teve coragem e falou incessantemente sobre a liberdade de imprensa e de expressão, um direito humano fundamental que sustenta todas as outras liberdades civis, e vital ao Estado de Direito e à democracia. Peço às autoridades iranianas que libertem o jornalista.
 
A Associação Mundial de Jornais(WAN) concedeu a Zeidabadi em 2010, o Prêmio Golden Pen of Freedom, que reconhece ações em defesa da liberdade de imprensa. 

Risco

 
O Prêmio Unesco Guillermo Cano World Press Freedom Prize foi criado em 1997 pelo Conselho Executivo da Unesco. É concedido anualmente nas comemorações pelo Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, e aplaude o trabalho de indivíduos e organizações que promovem a liberdade de imprensa em todo o mundo, principalmente em ambientes de risco.
 
Os candidatos são propostos pelos Estados Membros da Unesco, e regionais ou organizações internacionais. Os vencedores são escolhidos por um júri, cujos membros são nomeados para um mandato renovável uma vez a cada três anos pelo Diretor-Geral da Unesco. Um terço do júri é substituído anualmente.
 
Já conquistaram a premiação Mónica González Mujica (Chile, 2010); Lasantha Wickrematunge (Sri Lanka, 2009); Lydia Cacho(México, 2008); Anna Politkovskaya (Federação da Rússia, 2007); May Chidiac (Líbano, 2006); Cheng Yizhong, (China, 2005); Raúl Rivero (Cuba, 2004); Amira Hass (Israel, 2003 ); Geoffrey Nyarota (Zimbabwe, 2002); U Win Tin (Myanmar, 2001); Nayyouf Nizar (Síria, 2000); Jesus Blancornelas (México, 1999); Anyanwu Christina (Nigéria, 1998); Gao Yu (China, 1997).
          
Os seguintes profissionais da imprensa participaram do júri que selecionou Zeidabadi: Diana Senghor (Diretora-Geral na África Ocidental- Panos Institute, Senegal); Alexandra Föderl-Schmid (Editor-Chefe do Der Standard, Áustria); Ahsan Bulbul Senhor Monjurul (Diretor-executivo e Editor-chefe do Boishakhai Media Limited, Bangladesh); Miklos Haraszti, representante da OSCE para a Liberdade de Ex-Mídia, Hungria); Zlatev Senhor Ognian (Diretor do Centro de Mídia Desenvolvimento, Bulgária); Daniel Santoro (Editor do Clarín, Argentina); Sr. Steven Gan (Editor-Chefe do Malaysiakini.com, Malásia); Guiliana Sgrena Ms (repórter do Il Manifesto, Itália); Serkalem Fasil Ms (Editora e Vice-Editor do Menilik, Etiópia); Marielos Monzon (colunista do Prensa Libre, Guatemala); E. Ramzi Khoury (Presidente da Pina – Companhia de Produção de Televisão, Emirados Árabes Unidos); Dergham Raghida (Al Hayat Novo Chefe do Gabinete York, Líbano).  
 
*Com informações da Unesco.