Walter Alfaiate em filme no Claquete


23/06/2021


Aldir Blanc: “Walter Alfaiate foi a melhor pessoa que conheci”

O Claquete Musical de hoje exibe o documentário Walter Alfaiate a Elegância do Samba (2009), que homenageia o compositor, a partir das 10hs até a próxima terça-feira. Com 1h de duração, tem a direção de Emiliano Leal, Vitor Fraga, Vital Filho e Rommel Prata e depoimentos de Zeca Pagodinho, Cristina Buarque, Beth Carvalho, Regina Casé, Nei Lopes, Paulinho da Viola e Sergio Cabral, responsável pelo apelido de Walter  Nunes de Abreu como Walter Alfaiate, sua primeira profissão. E, no final da obra, Aldir Blanc confessa: “Walter, foi a melhor pessoa que eu conheci. Foi meu campeão”.

A partir das 19h30, terá início o bate-papo sobre o filme e o cantor/compositor, comandado pelo jornalista Paulinho Figueiredo e com a participação dos diretores Emiliano Leal, Vitor Fraga e Vital Filho, além do cantor e jornalista Pedro Paulo Malta. O documentário e o bate-papo serão transmitidos pelo canal da Associação Brasileira de Imprensa do YouTube.

 

O “malandro” Alfaiate

 No documentário Walter Alfaiate – a Elegância do Samba o protagonista aparece em um terno bem de bom corte e sapatos de duas cores – como bom malandro – passeando por Botafogo, bairro onde ele nasceu e conviveu até morrer, aos 79 anos, em 2010. Artistas e amigos dão depoimentos e são unânimes quando falam da dedicação ao samba quando começou sua carreira depois dos 60 anos de idade, sem nunca abandonar o ofício de alfaiate.

– Eu escolhi minha profissão. Sempre gostei de costurar desde criança. E eu era sapeca. Subia os morros para comer frutas, jogava bola de gude, pulava amarelinha. As crianças de hoje não tem mais isso – confessa o botafoguense.

Nascido em Botafogo, iniciou o trabalho como alfaiate aos 13 anos, no mesmo bairro. Autodidata, compôs para blocos carnavalescos da região, como o Foliões de Botafogo e o São Clemente. Participou, nos anos 1960, de rodas de samba no Teatro Opinião e formou vários grupos com destaque para os Reais do Samba e o Samba Fofo. Mesmo sendo um dos principais nomes do samba em Botafogo, que viria a se tornar o grande celeiro de compositores do gênero, o cantor e compositor só foi descoberto na década de 1970, quando Paulinho da Viola gravou três de suas canções – Coração Oprimido, A.M.O.R.Amor e Cuidado, Teu Orgulho Te Mata.

Brilhou como crooner da boate Bolero, em Copacabana, onde ficou conhecido como Walter Sacode, por interpretar com maestria o samba Sacode Carola, de Hélio Nascimento e Alfredo Marques. Em 1982, foi convidado pelo parceiro e amigo Mauro Duarte a entrar para o G.R.E.S da Portela. Cultuado pela maioria dos sambistas do Rio de Janeiro, jamais foi reconhecido pelas gravadoras – com mais de 50 anos de carreira e com 200 sambas compostos, gravou apenas um disco, Olha Aí, lançado em 1998 pelo selo Alma e produzido por Aldir Blanc e Marco Aurélio, mas participou com suas músicas de álbuns de diversos cantores.

No documentário, ele conta algumas passagens de sua vida, ressaltando que o bom “malandro”  trabalha: “ Ele não é um vagabundo que tenta tirar dinheiro dos outros. Eu mesmo nunca tive passagem pela polícia, jamais gastei gasolina do camburão. Por isso, sou um sujeito que dá lucro ao Estado e não despesa”.