Empresa de limpeza fará jornalismo no TSE


24/02/2016


tse-concursoA contratação da empresa Liderança Limpeza e Conservação pelo Tribunal Superior Eleitoral para serviços jornalísticos está causando polêmica com entidades ligadas ao setor. O detalhe é que, como o próprio nome diz, a empresa tem a “limpeza em prédios e domicílios” como sua principal atividade econômica. Esse foi o resultado de uma licitação realizada pelo TSE que renderá à empresa R$ 2 milhões por um ano.

O edital do pregão vencido pela Liderança, que tem sede na cidade de São José (SC), prevê a contratação de oito jornalistas e dois fotógrafos, com salários que variam entre R$ 6,3 mil e R$ 6,7 mil, fora encargos. Há ainda a previsão de outras quatro vagas temporárias, de 90 dias. Os profissionais farão parte do “núcleo cobertura jornalística das eleições”.

A Liderança tem fama de “faz tudo”. A empresa tem ampliado seus serviços nos últimos anos junto ao governo federal. Em 2010, segundo dados do Portal da Transparência, a empresa recebeu R$ 42,6 milhões. Em 2015, foram R$ 69,9 milhões, principalmente em serviços de conservação. A firma tem nada menos do que 46 atividades, além da principal, de limpeza. Infraestrutura portuária, nutrição, restauração de prédios históricos e serviços de agronomia são alguns exemplos.

A “prestação de serviços de informação” também aparece na lista de atividades, mas, no site da empresa, não há referência aos serviços de jornalismo. O vídeo institucional da empresa fala apenas em “limpeza e conservação; copa e café; portaria; jardinagem; recepção; telefonia; apoio administrativo e segurança patrimonial”. O link “serviços” também não cita os trabalhos na área de comunicação. O jornalismo é citado apenas num texto no link “apresentação”.

Para defender a empresa, o Ministério do Meio Ambiente gastou quase R$ 3,7 milhões com a firma para a prestação de serviços de comunicação social. “A referida empresa, quando da participação do certame (pregão), comprovou as capacidades técnica e operacional exigidas, por meio de atestados de capacidade inerentes ao objeto licitado”, disse em nota o Ministério.