RSF instala centro de mídia no Haiti


15/01/2010


A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), com auxílio do Grupo Quebecor, gigante do setor de comunicação canadense, está montando um centro de mídia no Haiti para viabilizar o trabalho da imprensa local. A ajuda é estendida também para a reconstrução dos veículos de imprensa destruídos no terremoto que devastou o país no último dia 12.

O centro de mídia funcionará na Embaixada do Canadá, em Porto Príncipe, com estrutura operacional composta por computadores, laptops, telefones celulares e geradores, fornecidos pelo Quebecor. As atividades terão início na próxima semana. 

—É impossível localizar sobreviventes, organizar o auxílio e distribuir ajuda sem notícias sólidas. O objetivo desta ajuda é permitir que jornalistas haitianos possam relatar a situação e contribuir para o processo de assistência à população afetada. Na forte mobilização da comunidade internacional, a mídia estrangeira tem um papel fundamental, já que a imprensa haitiana está em ruínas, declarou a ONG em seu site oficial.

O Presidente do escritório canadense da RSF, François Buguingo, embarca para Porto Príncipe neste fim de semana para avaliar as necessidades logísticas e econômicas na reconstrução da mídia no Haiti. A ONG pretende mobilizar recursos em diversos países.

Segundo a RSF, as instalações do canal Tele Ginen foram completamente destruídas, e um dos cinegrafistas teria sido encontrado morto.

As redações do Canal 11 e das emissoras de rádio Magik 9 e Udu também foram danificadas, assim como o escritório da Associação Nacional dos Meios de Comunicação Haitianos (ANMH).

As sedes dos jornais Le Nouvelliste e Le Matin resistiram ao terremoto. Contudo, a Ticket Magazine, publicação pertence ao Le Nouvelliste, perdeu um dos seus colegas. Max Chauvet, Diretor de Le Nouvelliste, está desaparecido.

As emissoras Sinal FM, Caraibes FM e a filial local da Radio France Internationale (RFI), todas com sede em Porto Príncipe, estão conseguindo operar.

Resgate

A jornalista chilena María Isabel Moreno foi uma das sobreviventes da tragédia. Após passar 20 horas sob os escombros de um hotel em Porto Príncipe, foi resgatada por funcionários da embaixada chilena que ajudavam nas buscas por pessoas desaparecidas.

Segundo informações da agência de notícias Ansa, após o resgate, Maria enviou uma mensagem aos parentes que vivem em Concepción, no Centro do Chile. No texto, publicado no jornal La Tercera, de Santiago, a jornalista tranqüiliza os familiares:
— Não se preocupem, não é necessário vir. De tempos em tempos, mando notícias. Não estou ferida (…) Meu motorista está vivo também. Gosto muito de vocês.

María Isabel vive há 30 anos no Haiti com o marido, funcionário da Organização dos Estados Americanos (OEA), e mantinha uma galeria de arte no Hotel Montana, em uma região nobre da cidade. Segundo Laura, irmã de María, a jornalista permanece abrigada na embaixada chilena.

Santo Domingo

De acordo com o jornal espanhol El Periódico, cerca de duas centenas de jornalistas — além das equipes de ajuda de todo o mundo — estão recorrendo ao Aeroporto Internacional La Isabela, localizado a poucos quilômetros da cidade de Santo Domingo, capital da República Dominicana, para chegar à Porto Príncipe. Alguns jornalistas estariam negociando diretamente com pilotos particulares. Anderson Cooper, da CNN, conseguiu que um helicóptero do governo o levasse ao Haiti na manhã desta quarta-feira, 13. Outros correspondentes chegaram depois de dirigirem à noite, acrescentou o Los Angeles Times.

*com informações de RSF, El Periódico, Ansa, Portal Imprensa