Revisor e diagramadorem dia de homenagem


27/03/2006


Claudio Carneiro

Em 28 de março, a imprensa brasileira comemora o Dia do Revisor e do Diagramador. As duas atividades jornalísticas, regulamentadas pelo Decreto-lei 972, de 17/10/1969, que define o exercício da profissão de jornalista, são consideradas importantes e intimamente ligadas ao jornal. Mesmo com o avanço das técnicas e o planejamento de página feito com o auxílio do computador, a diagramação não sofreu maiores perdas, mas os revisores não têm muito o que comemorar, uma vez que a função — que deu emprego a Machado de Assis, Graciliano Ramos, Quintino Bocayuva e Orestes Barbosa — está sucumbindo diante da velocidade industrial imposta pelas redações, que obriga redatores e repórteres a revisar o próprio texto.

Revisor do Globo, 56 anos, Manuel Corgo já trabalhou no Correio da Manhã, na Última Hora e na Revista Marítima Brasileira e avalia que a atividade sofreu com os avanços:
— Atualmente, a revisão é feita diretamente no micro. Até então, as composições eram feitas em fitas perfuradas e impressas por computador. Mais para trás, as correções eram marcadas manualmente em provas impressas das composições feitas em linotipo, sempre de péssima qualidade, com a tinta ainda meio fresca. Apesar disso, a tecnologia não tornou o trabalho menos importante. Qualquer trabalho escrito necessita ser revisto, pelo próprio autor ou por outro. Independentemente de ser feito no computador ou manuscrito.

Corgo admite, no entanto, que o mercado para o revisor encolheu e que essa é a tendência:
— Agora a versão final do texto é do próprio autor. Não existe mais a composição do linotipista ou do digitador. Conseqüentemente, foram eliminados os erros do compositor. É com pena do leitor que reconheço que esta é uma atividade em extinção. Não existe escola de formação de revisor e os últimos bons profissionais estão sumindo do mercado. 

                       Ana Paula Aguiar

Já o diagramador Luiz Carlos de Oliveira, o “Chester”, de 58 anos, acha que seu trabalho só foi facilitado pelas novas tecnologias e destaca que, nos dias de hoje, é impossível “estourar” uma matéria com os recursos disponíveis:
— Comecei diagramando no papel. O computador facilitou tudo. Jamais pensei que uma máquina fosse substituir o lápis: o mouse fez isso. Mas a tecnologia nos ajudou muito. Antigamente, havia dois riscos: ou “estourava” (a matéria ultrapassava o espaço reservado para ela) ou “dava buraco” (faltava matéria para ocupar o espaço).

Com passagens por jornais como O Globo, Última Hora, Luta Democrática, Gazeta de Notícias, O Dia, Folha Dirigida e Estadão, Chester lembra que a Bloch Editores foi a primeira empresa a utilizar a computação gráfica em suas edições e afirma que o mercado para o diagramador não encolheu:
— Ninguém perdeu o emprego. Todos se adaptaram e estão trabalhando. Eu mesmo comecei no chumbo (linotipo), passei pelo papel (composer) e terminei no computador. Que eu saiba, ninguém perdeu trabalhos com essas mudanças.

Sobre o futuro da profissão, Chester é otimista. Para ele, os periódicos semanais, quinzenais e mensais até poderão usar o expediente de editar e diagramar ao mesmo tempo, “mas no jornalismo diário, com a pressão do horário de fechamento, não tem pra ninguém”.