Revitalização do Cais do Valongo – Resistência Negra Sempre!


23/11/2023


As obras de revitalização do sítio arqueológico do Cais do Valongo, na Zona Portuária do Rio foram inauguradas nesta quinta-feira (23), em cerimonia marcada pela lavagem das pedras do cais por Mães de Santo. O Cais do Valongo, declarado Patrimonio Mundial pela Unesco, em 2017, foi o principal cais de desembarque de africanos escravizados em todas as Américas. O jornalista Marcos Gomes, da Comissão de Igualdade Étnica e Racial e presidente do Conselho Deliberativo, representou a Associação Brasileira de Imprensa no evento.


Marcos Gomes, da ABI, com o babalawo Ivanir dos Santos e com o presidente do BNDES, Aluísio Mercadante

As obras orçadas em R$ 2 milhões foram realizadas com recursos da State Grid Brazil Holding – empresa que integrante o grupo State Grid Corporation of China com atuação no setor de transmissão de energia elétrica – e compreendem a adequação física do local, a sinalização do sítio arqueológico e a instalação de  módulos expositivos, com totens que contam a história da região, sob curadoria da professora Ynaê Lopes dos Santos, historiadora especialista na História da Escravidão e das Relações Raciais nas Américas. 

O Babalawo Ivanir dos Santos lembrou que o projeto agora implantado no Cais do Valongo permitirá também o mapeamento de outros territórios espalhados pelo País.

– O modelo social, cultural e econômico que estamos construindo aqui será um marco para que em outros lugares do País possamos ter outros sítios de memória – disse.

O presidente do BNDES, Aluísio Mercadante, enfatizou que “mais de 1 milhão de pessoas escravizadas, acorrentadas e
humilhadas passaram por aqui e essa memória não pode ser apagada. Nós temos que denunciar porque lembrar é uma forma de resistir. A memória é uma forma de educar para o futuro. Precisamos fazer o enfrentamento e o BNDES está comprometido com esse processo”.

Mercadante informou que o Babalawo Ivanir dos Santos será o coordenador do consórcio formado pelo Ceap, Preta Hub e a Diáspora Black, que vai gerir de um fundo de R$ 20 milhões – dos quais R$ 10 milhões estão sendo liberados pelo BNDES e o restante será captado no mercado – que serão investidos para dinamizar, fortalecer e incrementar a região da Pequena África, na Zopa Portuária do Rio.

Dentre as ações na região da Pequena África estão o desenvolvimento dos projetos de um novo museu no prédio do Docas II/André Rebouças (inauguração prevista para 2026), do Distrito Cultural, do Centro de Interpretação e do Laboratório Aberto de Arqueologia Urbana (LAAU-RJ). 

O prefeito do Rio Eduardo Paes encerrou o ato agradecendo ao presidente Lula que teve a sensibilidade de desobstruir o processo para que a Prefeitura pudesse comprar os terrenos pertencentes à União naquela região.