Presidente do Iêmem admite deixar o Governo


25/03/2011


O Presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, admitiu nesta sexta-feira, 25, a possibilidade de deixar o Governo. O dia foi marcado por intensos protestos na capital Sanaa.
 
“Estamos prontos para deixar o poder, mas apenas em mãos seguras. Somos contra o disparo de um único tiro, e quando fazemos concessões, isso é para garantir que não haverá derramamento de sangue. Seguiremos firmes e desafiaremos (os manifestantes) com todo o poder que tivermos, afirmou Saleh.
 
As manifestações desta sexta-feira, 25, marcaram o que os civis denominaram de o “Dia da Partida”. Os simpatizantes de Saleh também saíram às ruas para o que chamaram de “Sexta-feira da Tolerância”.
 
Desde fevereiro último, milhares de pessoas se concentram em frente à Universidade de Sanaa exigindo a renúncia de Ali Abdullah Saleh, há 32 anos no poder.
 
No último dia 18, 52 pessoas morreram, entre as quais o repórter Jamal Shar’abi, do jornal independente Al-Masdar, e 126 ficaram feridas em meios aos ataques realizados por atiradores de elite do regime.
 
A Federação Internacional dos Jornalistas (IFJ) culpou o Governo do Iêmen pelo assassinato do jornalista e pelos freqüentes ataques à mídia no Iêmen. No último dia 14, a IFJ enviou comunicado oficial ao Presidente Saleh pedindo intervenção urgente em relação às ameaças de incêndio feitas por um grupo não identificado contra a sede do Sindicato dos Jornalistas do Iêmen (YJS).
 
Nesta sexta-feira, 25, o Governo do Iêmen determinou o fechamento da rede de TV Al Jazeera, cuja sede foi metralhada na quinta-feira, 24. A emissora transmitiu imagens do protesto contra o Presidente Ali Abdallah Saleh, nas ruas de Sanaa, capital do Iêmen, no último dia 18. Após a veiculação das imagens, dois repórteres da emissora foram deportados e o escritório da TV foi invadido e saqueado.
 
A agência de notícias estatal Saba publicou matéria sobre o fechamento da TV Al Jazeera, informando que os funcionários da emissora cometeram “infrações profissionais”.
 
Recentemente, um grupo de jornalistas estrangeiros que cobria as manifestações foi expulso do país.
 
 
Liberdade de expressão
 
A Diretora-Geral da Unesco, Irina Bokova, lamentou nesta sexta-feira, 25, a morte do jornalista Jamal Ahmed Al-Sharabi:
—O assassinato de Jamal Ahmed al-Sharabi é um ataque contra o direito humano básico do povo do Iêmen à liberdade de expressão.
É dever das autoridades garantir que os jornalistas sejam capazes de desempenhar as suas funções profissionais em condições mais seguras possíveis. É também seu dever investigar exaustivamente as circunstâncias dessa morte, que ocorreu durante um confronto que também custou tragicamente muitas outras vidas. E trazer os responsáveis à justiça.
 
O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos manifestou preocupação com “a supressão do direito à liberdade de expressão no Iêmen, incluindo a decisão do Governo iemenita de deportar os dois jornalistas da TV Al Jazeera”.
 
 
*Com informações da IFJ, da Tvi24 e da Unesco.