Os + admirados jornalistas negros e negras da imprensa brasileira


11/10/2023


Do Jornalistas&Cia

A primeira edição do prêmio Os +Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira, promovida pelo Jornalistas&Cia em parceria com 1 Papo Reto, Neo Mondo e Rede JP de Jornalistas pela Diversidade na Comunicação, registrou expressiva votação em seus dois turnos, contando com muita campanha e movimentação entre jornalistas e profissionais da comunicação nas redes sociais. Finalizada a apuração, 60 jornalistas e 11 publicações foram destacados e serão homenageados na cerimônia de premiação marcada para a noite de 13 de novembro, na Unibes Cultural, em São Paulo.

“Mais do que uma vitrine, esse prêmio é uma trincheira na luta antirracista e por maior diversidade nas redações brasileiras”, ressalta Eduardo Ribeiro, diretor do Jornalistas&Cia e idealizador da iniciativa. “Sem essa diversidade profissional não haverá diversidade nas pautas, no tipo de cobertura feita, nas fontes ouvidas, nos preconceitos embutidos nas narrativas editoriais e turnos. E o melhor: foram eleitos democraticamente colegas consagrados e outros menos conhecidos do grande público, mas com um trabalho de grande relevância para o jornalismo”.

No evento de premiação também serão conhecidos os TOP 10 +Admirados Jornalistas, os campeões regionais de admiração, o campeão da categoria Imagem Foto/ Vídeo e os campeões das categorias Veículo Geral e Veículo Liderado por Jornalistas Negros, além das homenagens especiais aos Decana e Decano do Jornalismo – Troféu Luiz Gama, Revelação do Ano – Troféu Tim Lopes e Personalidade do Ano – Troféu Glória Maria.

“A representação justa e precisa de diferentes grupos étnicos na mídia é fundamental para combater o preconceito, a discriminação e a desigualdade, e é através desta inclusão que vamos proporcionar um ponto de reconexão do jornalismo com a sociedade e sua credibilidade”, acrescenta Marcelle Chagas, coordenadora da Rede JP. “A Rede de Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação é uma das mais fortes expressões do poder da comunicação nas mudanças sociais e tem desde 2018 proporcionado um impacto significativo inspirando novas ações. Acredito que a final do prêmio representa o resultado de um processo de trabalho em rede com jornalistas de todo o País e de outros países também. Essa conexão em rede nos confere uma
visão única e especial sobre o papel do jornalismo na luta pelos direitos humanos através da inclusão de grupos sub-representados e diversas vozes”.

Serão homenageados 52 profissionais na categoria Jornalistas, dos quais 35 mulheres; cinco entre os Profissionais de Imagem; cinco veículos na categoria Geral; e outros seis entre as publicações lideradas por jornalistas negros. “Como cidadão e ativista das causas sociais, sinto-me um privilegiado por viver este momento”, comemora Rosenildo Ferreira, editor-chefe do 1 Papo Reto. “À primeira vista, pode parecer um contrassenso que um prêmio destinado a um recorte racial da sociedade tenha a função de promover o pluralismo. Mas, em se tratando da complexa sociedade brasileira, é necessário ter atenção aos detalhes. Especialmente no que se refere à invisibilidade a que os integrantes da comunidade afro-brasileira foram relegados em todas as áreas. E, como sabemos, esse processo nunca foi fruto do acaso ou se deu por incompetência dos apartados. Foi, isso sim, uma obra meticulosa, que envolveu o apagamento e a subalternização de corpos e culturas a partir do uso de políticas públicas e de arranjos sociais”.

“A premiação que confirma o trabalho de jornalistas negros e negras em um país onde o racismo estrutural tem raízes profundas é muito mais do que apenas uma celebração de conquistas individuais”, completa Oscar Lopes Luiz, publisher de Neo Mondo. “Ela carrega consigo um significado simbólico que transcende o mundo do jornalismo e alcança o cerne da luta por igualdade e
justiça racial. No mundo do jornalismo, a representação é fundamental. Quando jornalistas negros(as) são reconhecidos(as) e premiados(as), eles(as) não apenas recebem o reconhecimento que merecem, mas também inspiram outros membros da comunidade negra a seguirem seus passos. Isso cria um círculo virtuoso de empoderamento e encorajamento, mostrando às gerações futuras que é possível superar as barreiras impostas pelo racismo sistêmico e fazer contribuições significativas para o campo”.

A eleição dos +Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira contará com três reconhecimentos especiais concedidos pela Comissão Organizadora: os troféus Glória Maria (Personalidade do Ano), Luiz Gama (Decanos do Jornalismo) e Tim Lopes (Revelação do Ano).

Advogado, filósofo, professor e atual ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Luiz de Almeida foi o escolhido para receber o Troféu Glória Maria. Uma das principais vozes brasileiras na defesa de grupos historicamente minorizados, ele será homenageado por seu destaque na luta democrática pelas causas sociais e na defesa do povo brasileiro.

Para receber o Troféu Luiz Gama foram escolhidos dois profissionais com longo histórico de luta pela inclusão de profissionais negros no jornalismo brasileiro: Flavio Carrança, jornalista que foi um dos criadores da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial – Cojira SP, órgão do qual foi coordenador por 20 anos; e Rosane da Silva Borges, doutora e mestre em Ciências
da Comunicação pela USP e ex-coordenadora nacional do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra. Juntos, eles são autores da coletânea Espelho Infiel: o negro no jornalismo brasileiro.

A homenagem Revelação do Ano será entregue à repórter Rebeca Borges, do portal Metrópoles. Brasiliense, formada em Jornalismo pela Universidade de Brasília e pós-graduanda em Jornalismo de Dados pelo IDP, ela tem atuado com excelência e relevância, ganhando com seu trabalho credibilidade e respeito dentro e fora da redação. A maior prova foi a conquista, em 2023, do tradicional Prêmio SIP, um dos mais concorridos do jornalismo nas Américas, pela reportagem Ouro Líquido: produção de dendê explora populações negras e indígenas no Brasil. Pela mesma reportagem ela está concorrendo na categoria Produção Jornalística em Multimídia do Prêmio Vladimir Herzog 2023.