“O interesse dos jornalistas”


01/02/2012


Acabei de colocar papel em minha prancheta. Normalmente, quando faço isso já tenho,  se não esquematizado, uma boa noção do que nos leva a iniciar a matéria que será desenvolvida em torno deste ou daquele assunto, já devidamente estudado, quer social, político ou econômico, nos aspectos que julgamos sejam de maior interesse dos leitores, ávidos que são das matérias da nossa mídia.
 
Considerando sempre os problemas da inspiração, nos obrigamos, evidentemente, a considerarmos a linha política da direção da entidade que publicará os nossos trabalhos, no caso a nossa Associação Brasileira de Imprensa-ABI, órgão que desde a sua criação nunca deixou de fazer valer sua força, até o presente momento, sempre aplaudida pelo publico leitor do seu jornal e site, em razão de suas constantes lutas democráticas, ordenadas e orientadas por seus presidentes, cuja galeria tem sido composta dos mais expressivos vultos da História pátria.
 
Como vínhamos dizendo no primeiro parágrafo, o interesse principal do jornalista é discorrer sobre assuntos de interesse do povo, embora estejamos notando que a sociedade brasileira se torna cada vez mais acéfala no que diz respeito ao interesse pelas coisas públicas, pautando suas reações, quando as tem, sem que estas possam significar argumentos significativos que venham forçar quaisquer modificações no sistema de governo do País com a rapidez que se desejaria.
 
A evolução de fatos que estão, pois, a exigir uma continuidade expressiva de ações nos fala de planos e projetos governamentais que não saem dos papéis, como a maioria daqueles que constam do PAC, o qual quase que já poderíamos chamar de “gloriosa memória”, tal o tempo existente entre a sua criação e o presente. Fazendo um retrospecto dos assuntos do PAC, sobre os quais tivemos oportunidade de escrever, citados que foram nos sites da nossa ABI e em outros jornais e revistas, citaríamos como principais, ligados ao esquema evolutivo que o Governo apresentou, os seguintes: a) a transposição das águas do Rio São Francisco – Essas obras estão a cargo do Exército Brasileiro. Vínhamos acompanhando-as mas nos parece que existe falta de recursos para a sua continuidade, como repasses aos setores de engenharia do EB; b) ligada a essa obra se acha o que se poderia denominar de revitalização do São Francisco – Sobre o assunto desejaríamos aduzir,apenas, o que nos deixa pasmo, a existência de uma PEC, a de nº 524,originária do Senado em 2001, que tratava da aplicação de cerca de 5% da arrecadação da União na revitalização do Velho Chico. Nada mais soubemos sobre o assunto. Evidentemente que para que as águas do São Francisco corram sem obstáculos e seus afluentes principais possam lançar em sua calha o líquido precioso, fortalecendo-o cada vez mais, é preciso que não só a União e os Estados onde nasce ou passe executem permanente vigilância em seus afluentes, zelando por suas matas ciliares e possíveis interrupções, naturais (ou ilegais) dos seus fluxos.
 
Temos em tela, projetadas ou não, as novas hidrelétricas, as eclusas em estudos, a revitalização dos portos, rios e canais, dentro de um panorama ligado aos transportes e a energia e ainda, como considerada a mais premente da nossa segurança territorial, o que tange aos efetivos das nossas unidades militares, Marinha, Exército e Aeronáutica, bem assim aos seus equipamentos, no momento em que essas nossas forças se estendem à Amazônia e à nossa plataforma continental, berços de riquezas sem fim,incluindo-se o petróleo do pré-sal, tudo isso à mercê de possíveis atentados alienígenas que poderão nos atingir.
 
Ligados aos projetos governamentais se acham tantos outros, industriais, empresariais e comerciais que poderiam, ao longo do tempo, propiciar inúmeros avanços; a maioria deles dependentes, todavia, do aceleramento de setores do Estado ou, melhor,de órgãos ministeriais competentes para cada assunto,os quais nem sempre caracterizam tais conhecimentos, razão das críticas da mídia com relação à indicação de ministros sem a devida cultura específica dos problemas que deverão gerir. O assunto está a merecer as novas indicações que deverão partir da Presidente Dilma Rousseff em termos meritórios, ao que se espera.
 
Muitas ações se aguardam que possam escudar o País em termos, inclusive, do emprego quase que imediato dos equipamentos para produção do petróleo do pré-sal, já medida péla Petrobrás, em torno de 140 bilhões de barris, em uma profundidade de cerca de 1.600 m. Avalie-se o custo desses dispêndios em razão de tais equipamentos, em sua maioria importados, face, ainda, à deficiência do nosso parque industrial, embora o valor do óleo descoberto atinja, segundo cálculos que nos foram dados, em torno de 15 trilhões de dólares.
 
País invejável, com dificuldades gerenciais para gerir tão excepcionais recursos, vinculados às responsabilidades setoriais atribuídas aos três Poderes da Republica, os quais vêm demonstrando em certas oportunidades conclusões nem sempre aceitas pela nossa mídia. Daí as críticas nas quais julgamos repousar grande parte da nossa segurança, em termos de liberdade de imprensa.
 
E vai daí, meus queridos leitores, que muito trabalho terão os verdadeiros brasileiros nacionalistas, civis ou militares, no sentido de bem estruturarem um país respeitado e digno, defenestrando todos aqueles que se acumpliciam em crimes diversos, peculatos, corrupção e desmandos de toda espécie, substituindo-os, pelo voto consciente, por outros que possuam condições morais e culturais para o exercício de tais prerrogativas, dentro de um sistema de mérito ainda, infelizmente, não levado em consideração.
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Bernardino Capell, sócio da ABI, é jornalista, economista e membro titular do Instituto
de Geografia e História Militar do Brasil.