Missa de 7º dia de Nilo Braga será no próximo dia 15


10/03/2017


NILO

O jornalista e escritor Nilo Braga

Morreu, no dia 5 de março, aos 85 anos o jornalista e escritor Nilo Marques Braga, vítima de um ataque cardíaco em sua residência. O “eterno repórter” era sócio da Associação Brasileira de Imprensa desde os anos 60. A família informa que a missa de sétimo dia será realizada na Igreja Nossa Senhora da Paz, na rua Visconde de Pirajá em Ipanema, no próximo dia 15 às 18h30.

Nilo Braga começou sua carreira no Diário Carioca nos anos 60. Trabalhou no jornal O Globo, em agências de notícias, foi assessor de Imprensa de vários órgãos públicos e se aposentou no Departamento Nacional Estradas e Rodagem, do Ministério dos Transportes. Segundo sua esposa, a também jornalista Lilian Costa Nabuco, ele dedicou 45 anos de vida ao jornalismo. Além de militante das redações, Nilo também era escritor. Antes de sua morte publicou o livro “Malandro Beleza – Reminiscências Cariocas”, com a proposta de contribuir para o resgate da memória do Rio.

Antes de sua morte, o jornalista publicou  “Malandro Beleza – Reminiscências Cariocas”

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Capa do livro “Malandro Beleza-Reminiscências Cariocas”

A malandragem histórica dos anos 30 e 40, como cantou Chico Buarque em ‘Homenagem ao Malandro’, não existe mais, de acordo com o jornalista e escritor Nilo Braga, autor do livro “Malandro Beleza – Reminiscências Cariocas”. “O malandro não é o que dá tiros ou trafica drogas. O malandro brigava na mão, sem usar armas, e quem era malandro de verdade resolvia tudo no papo, sem brigar. Isso acabou”, contou ele, que após 40 anos de redação estreou com o livro de crônicas ‘Malandro Beleza’ (Ed. Eldorado, 230 págs., R$ 48), prefaciado pelos escritores e compositores Nei Lopes e Aldir Blanc e pelo crítico musical João Máximo. A obra está à venda na livraria da Travessa.

Nilo introduziu o livro com um capítulo sobre os antigos dancings e gafieiras da cidade, e dividiu os capítulos por regiões da Zona Norte e do Centro. Cada capítulo tem crônicas sobre personagens (verdadeiros ou de ficção) da Tijuca, Lapa, Estácio. O leitor é apresentado ao malandro judeu Zé Gringo, à trágica história de amor de Paulinho da Lalá e a Delmo da Mangueira. Para ilustrar os capítulos, o autor convocou Mello Menezes, autor de capas de discos de João Bosco, Monarco, e outros nomes do samba.

Nas histórias do livro, nem tudo são flores: alguns personagens das crônicas de Nilo depois de um certo momento se envolvem com narcotráfico, como numa subversão da visão mais romântica do malandro. “Depois do aparecimento da cocaína, a violência começou a aumentar. Lembro-me da época em que dava para ficar na Praça Saens Peña (Tijuca) até a madrugada. Quando eu era adolescente, sabia quem eram todos os batedores de carteira dos bondes. Imagina hoje?”, brinca Nilo. “Mas na época tinha o malandro violento, que era o cara que dava tiros, usava armas. Isso sempre existiu”.

Entre as saudades que Nilo tinha do Rio de antigamente, ele elegeu as gafieiras. “A Estudantina ainda existe, mas hoje toca forró, toca outros estilos de música”, lamenta. Também recorda saudoso a boa convivência entre as pessoas em décadas passadas. “Havia mais dignidade. As pessoas discordavam e no dia seguinte o clima ruim já tinha passado”.