Jornalistas protestam contra violência em SP


Por Cláudia Souza*

17/06/2013


 

Profissionais de imprensa protestam contra violência em frente à Catedral da Sé, em São Paulo Foto: Léo Pinheiro/Futura Press/Estadão Conteúdo

Profissionais de imprensa protestam contra violência em frente à Catedral da Sé, em São Paulo Foto: Léo Pinheiro/Futura Press/Estadão Conteúdo

Profissionais de imprensa, em grande parte repórteres fotográficos, fizeram um protesto neste domingo, dia 16, em frente à Catedral da Sé, no Centro da capital paulista, contra a violência por parte das forças policiais durante as manifestações contra o aumento das tarifas de ônibus. Apenas no protesto da última quinta-feira, 13, ao menos 16 profissionais de imprensa ficaram feridos.

O fotógrafo Sérgio Silva, da Futura Press, e a repórter Giuliana Vallone, da TV Folha, atingidos no olho por bala de borracha durante a manifestação, receberam alta médica  neste sábado, dia 15.

Internada no Hospital Sírio-Libanês deste a noite de quinta-feira, 13, Giuliana Vallone se recupera em casa.

Sérgio Silva foi submetido a uma cirurgia para reparação de globo ocular na sexta-feira, dia, 14. Segundo boletim médico do hospital, Sérgio apresentou “melhora do quadro ocular” e não tem sinais de infecção. As chances de recuperar totalmente a visão são pequenas.

O secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, determinou a apuração de violência envolvendo profissionais da imprensa.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Benedito Roberto Meira, afirmou que a possibilidade de jornalistas serem feridos durante a cobertura de manifestações é um “risco da profissão”, e negou que um policial tenha acertado intencionalmente a repórter Giuliana Vallone.

— O repórter tem duas opções. Ele quer cobrir o evento. Ele pode estar acompanhando o efetivo da Polícia Militar e ele pode estar acompanhando os manifestantes. Se houver um confronto e ele estiver acompanhando os policiais militares, ele pode ser atingido por pedradas, paus, pelo rojão, pelo morteiro. Se ele estiver acompanhando os manifestantes, a Polícia Militar usa, nessas ocasiões, munição química e munição de elastômero, ele pode ser atingido. Esse é o risco da profissão dele e é o risco da nossa profissão também.

De acordo com Meira, o policial teria atirado, na verdade, contra um grupo de manifestantes que jogava pedras na tropa. A bala, conforme ele, bateu no chão, ricocheteou e atingiu o olho da jornalista Giuliana Vallone.

— Assim que aquela imagem [da repórter ferida] foi divulgada na mídia, determinei imediatamente que se comparecesse ao local onde ela havia apontado que houve o disparo. Tenho relatório, fotos e testemunhas que a acompanharam e a socorreram, que são as pessoas que trabalham no estacionamento.

Em sua página no Facebook, Giuliana Vallone falou sobre a truculência policial, logo após o episódio:

— Não vi nenhuma manifestação violenta ao meu redor, não me manifestei de nenhuma forma contra os policiais, estava usando a identificação da Folha e nem sequer estava gravando a cena. Vi o policial mirar em mim e no querido colega Leandro Machado e atirar. Tomei um tiro na cara. O médico disse que os meus óculos possivelmente salvaram meu olho.

Confronto

No Rio de Janeiro, o fotojornalista Luiz Roberto Lima, que trabalha para as agências Globo e Estado passou mal com os gases de efeito moral lançados pela policia durante manifestação realizada neste domingo, dia 16, nas proximidades do estádio Maracanã, na Zona Norte do Rio. Com dificuldade de respirar e enxergar, o fotógrafo foi socorrido por jornalistas e por um bombeiro.

O protesto, contra o alto custo de vida nas cidades que sediarão a Copa e em favor de mais recursos para saúde e educação, teve início por volta das 15h30m, pouco antes do início da partida entre México e Itália, pela Copa das Confederações.

O primeiro confronto envolveu aproximadamente 600 pessoas e policiais militares, que usaram spray de pimenta para dispersar a multidão. Este grupo foi contido na passarela que liga o estádio à estação do metrô. O clima ficou tenso e os manifestantes seguiram para a Quinta da Boa Vista, onde a polícia continuou lançando bombas e gases de efeito moral.

A manifestação provocou a interdição de vias importantes, como as avenidas Radial Oeste e Bartolomeu de Gusmão e a Praça da Bandeira, além de provocar o fechamento da estação São Cristóvão do metrô. Apenas às 19h15m as ruas foram totalmente abertas ao trânsito.

O relações públicas da Polícia Militar, coronel Frederico Caldas afirmou, no entanto, que não houve excesso do Batalhão de Choque na repressão aos manifestantes.

Roupas brancas

Para esta segunda-feira, dia 17, estão marcadas novas manifestações contra o aumento das tarifas de ônibus em vários estados, como São Paulo, Minas Gerais, Brasília e Rio, onde a concentração está marcada para as 17h, próximo à Candelária, no Centro da cidade.

Em mensagens pelas redes sociais o Movimento Passe Livre (MPL) pede que a população use roupas brancas ou coloque panos brancos nas janelas, em apoio ao protesto.

Na página “Habeas Corpus Movimento Passe Livre”, que reúne advogados voluntários para apoio jurídico a manifestantes presos no Rio, estão sendo convocados médicos para ajudar nos primeiros socorros de possíveis feridos.

*Com informações de O Globo, Terra, R7.