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Entidades exigem apuração de casos de violência em protestos


Por Cláudia Souza

25/06/2013


Manifestação em Porto Alegre - Gilmar Luiz Blog Porto Imagem

Manifestação em Porto Alegre – Gilmar Luiz Blog Porto Imagem

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) divulgou comunicado nesta segunda-feira, dia 24, pedindo que autoridades brasileiras investiguem as agressões e ameaças contra jornalistas que participam da cobertura das manifestações pelo país. A entidade exige garantia de segurança para veículos de comunicação e para profissionais no exercício de seu trabalho.

—Não existe nenhuma justificativa para que os jornalistas e meios de comunicação sejam agredidos ou ameaçados. Justamente em um período de conflito, a melhor garantia para os cidadãos é que a informação possa fluir sem problemas, disse Claudio Paolillo, Presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP.

De acordo com Paolillo, “a liberdade de imprensa é imprescindível para que se conheçam os abusos e também as soluções, e para assegurar os direitos e deveres constitucionais de todos os cidadãos”.

No comunicado a SIP citou os nomes de alguns jornalistas atacados, como Vagner Magalhães, do Portal Terra; Giuliana Vallone, da TV Folha; Leandro Morais, do Portal UOL; Piero Locatelli, da CartaCapital; Fernando Mellis, do Portal R7; e Caco Barcellos, da TV Globo.

Ameaças

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul(SJRS), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), e a Associação Riograndense de Imprensa (ARI) manifestaram solidariedade aos profissionais de comunicação de Porto Alegre (RS), especialmente aos funcionários do Grupo RBS, que sofreram ataques durante os protestos ocorridos em 17 e 20 de junho. As entidades divulgaram nota repudiando a violência policial.

De acordo com o jornal Zero Hora, manifestantes radicais tentaram atacar o prédio do Grupo RBS (onde funcionam os jornais Zero Hora e Diário Gaúcho e a Rádio Gaúcha), “e tiveram de ser contidos pela Brigada Militar, que usou bombas de gás e balas de borracha para dispersar os agressores que lançavam pedaços de paus e pedras contra os policiais”.

A  Associação Internacional de Radiofusão (AIR), fundada em 1946, representante de 15 mil emissoras de rádio e televisão nas Américas divulgou comunicado revelando “grave preocupação pelas ameaças e ataques cometidos contra jornalistas e meios de comunicação em diferentes cidades do Brasil, durante as manifestações e protestos populares ocorridos recentemente.”

— Todo ato de violência contra comunicadores e meios, qualquer que seja sua origem, é um atentado contra a liberdade de expressão e o direito dos cidadãos a informação, informa o texto da entidade.

Leia abaixo a íntegra da nota do SJRS e Fenaj:

“O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiam a violência e, em especial, as ameaças ao Jornalismo e aos jornalistas durante manifestações públicas em Porto Alegre. Ao mesmo tempo que condenam a violência policial, as entidades denunciam as coações e intimidações sofridas pelos profissionais desde o início do movimento e reiteram que essas ações não podem ser toleradas em um Estado democrático de direito.

As entidades reconhecem legítimas as manifestações públicas sobre reivindicações pessoais ou de grupos, mas não podem compactuar com ameaças de invasão a prédios públicos ou privados. O jornalista está no seu direito fundamental de apurar os fatos e reportá-los ao conjunto da sociedade, e está trabalhando para que os cidadãos possam exercer o direito à informação e, por isso, merece o respeito de toda a sociedade.

Identificar o profissional jornalista com as empresas de Comunicação é um erro primário que não deve ser cometido por nenhum segmento da sociedade civil organizada. O jornalista está em permanente batalha pela diversidade de fontes e pelo contraditório, na busca da qualidade da informação e da verdade dos fatos. Nesta batalha, muitas vezes é vítima de seu patrão, mas não abre mão dos princípios técnicos, teóricos e éticos de sua profissão.

A sociedade deve, sim, ir para as ruas com pautas que possam mudar esse sistema, primando em especial pelo fim do monopólio das empresas de Comunicação, mas para isso não pode ameaçar, mesmo veladamente, a integridade física dos profissionais que nelas trabalham. Com isso, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS e a Fenaj, que lutam por um novo Marco Regulatório nas Comunicações, querem a garantia e o respeito ao trabalho de todos os profissionais, que no seu dia a dia vão em busca da melhor informação, no sentido de atender os anseios de toda a sociedade.

Porto Alegre, 21 de junho de 2013

* Diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul e Diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas.”

Leia abaixo a íntegra da nota da ARI e SJRS:

“A direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul e a Associação Riograndense de Imprensa (ARI) repudiam a atitude da Brigada Militar no trato com a Imprensa. Várias equipes de reportagens tiveram seu trabalho cerceado na manhã dessa quinta-feira, 20 de junho, durante o episódio ocorrido em frente ao número 806, da Rua Araruama, Vila Jardim, residência da governadora Yeda Crusius. No entendimento destas entidades, a ação dos policiais que retiraram e isolaram os profissionais durante o manifesto promovido pelo Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul nos remete aos anos de chumbo, quando jornalistas eram proibidos de exercerem seu trabalho.

Entendemos que vivemos em um estado democrático de direito e que nenhuma autoridade pode tentar calar a imprensa. Lembramos ainda que episódios como este tem se tornado rotineiro no Estado, em especial na cobertura dos movimentos sociais.

O Sindicato e a ARI esclarecem ainda que muitos profissionais, apesar de não estarem vinculados aos veículos da grande mídia, integram a categoria profissional e também não podem ser impedidos de exercerem suas atividades, seja como free-lancer, ou assessor de imprensa.

Este tipo de ocorrência fere a todos os profissionais em exercício no Rio Grande do Sul, pois tem o objetivo de cercear a liberdade de informar. As entidades cobram providências do Comando da Brigada Militar para que não se repitam mais atos como esse contra profissionais que estão a serviço da sociedade e da qualidade de informação.

Num momento em que se debate a liberdade de expressão, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul e a Associação Riograndende de Imprensa querem que os jornalistas tenham o direito da liberdade profissional.”

Leia abaixo a íntegra da nota da AIR

“A  Associação Internacional de Radiofusão (AIR) reitera sua grave preocupação pelas ameaças e ataques cometidos contra jornalistas e meios de comunicação em diferentes cidades do Brasil, durante as manifestações e protestos populares ocorridos recentemente.

Todo ato de violência contra comunicadores e meios, qualquer que seja sua origem, é um atentado contra a liberdade de expressão e o direito dos cidadãos a informação.

À deplorável lista de agressões se soma a tentativa de atacar as instalações do Grupo RBS, em Porto Alegre, onde funcionam a Rádio Gaúcha e os jornais Zero Hora e Diário Gaúcho. A ameaça de ataque foi contida por membros da Brigada Militar que utilizaram bombas de gás e balas de borracha para dispersar os agressores.

A AIR se solidariza com profissionais e meios que tenham sido vítimas destas ações e assinala novamente que, como estabelece a Declaração de Princípios sobre Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a violência, intimidação, ameaça aos comunicadores sociais, assim como a destruição material dos meios de comunicação, viola os direitos fundamentais das pessoas e restringe severamente a liberdade de expressão. É dever dos Estados prevenir e investigar estes fatos, punir seus autores e *Com assegurar para as vítimas uma reparação adequada.”