Jornalismo não acompanha revolução digital


18/10/2017


Lançada recentemente pelo International Center for Journalists (ICFJ), o estudo “The state of technology in global newsrooms” aponta que 70% das redações na América Latina e em outros países em desenvolvimento relatam sentir urgência para diversificar suas fontes de receita, diferente do que ocorre em outras regiões.

A pesquisa aponta que na América do Norte, apenas 44% dos veículos relataram dificuldade em manter a sustentabilidade. Outra constatação é de que redações inteiramente digitais têm mais chances de conseguir diversificar as fontes de renda (na América Latina são predominantes as redações que combinam os formatos tradicionais e digitais). Por sua vez, redações tradicionais estão em declínio no mundo inteiro. Os dados foram divulgados pela Abraji.

Treinamento nas redações, uso de redes sociais e segurança na internet também foram temas abordados na pesquisa feita entre fevereiro e abril deste ano, recolhendo respostas de 728 diretores de redação e mais de 2 mil jornalistas de 130 países, entre eles o Brasil. A conclusão é de que em nenhuma parte do mundo o jornalismo está acompanhando a revolução digital.

Na América Latina, os principais desafios de hoje são a criação de conteúdo de qualidade para o ambiente digital e a conquista da lealdade do público. A região é líder mundial no uso das redes sociais: quase 100% dos veículos usam o Facebook, superando todas as regiões, e, perdendo apenas para os norte-americanos, 86% dos jornalistas da América Latina usam o Twitter e 66% usam o Youtube . Além disso, 53% usam aplicativos de mensagens instantâneas para divulgar e encontrar pautas, número inferior apenas ao do Leste/Sudeste da Ásia.

Dos jornalistas latino-americanos que responderam ao questionário, 95% usam as redes sociais para conseguir engajamento dos leitores; 40% fazem uso de mecanismos de pesquisa; 38% usam e-mail; 28% usam aplicativos de mensagens instantâneas e 25% aderem a newsletters. Ainda que haja essa preocupação com ambiente digital, apenas 38% adotam medidas de privacidade e segurança nos meios digitais, as redações latino-americanas são as que menos adotam medidas de privacidade e segurança nos ambiente virtual.

A pesquisa concluiu, ainda, que as redações são majoritariamente jovens. Jornalistas e empregadores discordam em relação ao treinamento que devem ter e a maioria dos veículos considera que ganhar a confiança do público ainda é um desafio.

O estudo foi realizado em parceria com a Universidade de Georgetown e teve o apoio de SurveyMonkey e Google News Lab. Além do relatório na íntegra, as principais informações podem ser acessadas neste artigo publicado pelo ICFJ.