Hoje é Dia de Livro


02/05/2023


Por Erika Werneck, conselheira da ABI

A imprensa contra o Estado

25 de março de 1922: é fundado o PCB. Em julho daquele ano, com a decretação do estado de sítio pelo governo de Arthur Bernardes, o partido é colocado na ilegalidade, condição que caracterizou a maior parte de sua longa existência. Foram breves os momentos de vida legal do partido.
De lá pra cá muito se estudou, pesquisou e se escreveu sobre o PCB. Agora, em A imprensa contra o Estado,o jornalista e professor mineiro Wilson Milani, aborda questões pouco trabalhadas pela historiografia especializada:a repressão exercida pelo Estado sobre as gráficas do Partido Comunista do Brasil (PCB) entre os dois períodos de autoritarismo da história recente do Brasil: o Estado Novo (1937-1945) e a ditadura civil militar (1964-1985). Neste seu trabalho, Milani destaca três casos de “estouros” de oficinas, ocorridos em 1939, 1940 e 1975.
A partir de documentos pesquisados nos arquivos da polícia política brasileira, Wilson Milani retrata os 60 anos de censura e repressão sofridos pelo PCB, as lutas sociais travadas pelo partido e as táticas e métodos de investigação que os órgãos repressores do Estado – DOPS e DOI-Codi – utilizaram para desmantelar as gráficas clandestinas do PCB, e revela nomes, locais e datas com o objetivo de elucidar o modo de agir da repressão em cada uma das situações.
Para chegar aos três casos estudados em seu livro, Milani pesquisou 2.196 documentos escritos e 1.180 imagens, somente no Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, além de jornais da época e de documentos do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC-FGV), como o diário e a correspondência pessoal de Getúlio Vargas, e do arquivo Filinto Müller. O autor consultou, ainda, teses, dissertações e artigos acadêmicos que trataram da repressão. A imprensa contra o Estado não contribui apenas para a compreensão do passado, mas para refletir sobre o presente em que o anticomunismo é um “inimigo terrível”, inclusive dos que nada sabem a respeito, apenas ouviram falar. Editora: Mauad