Ex-oficial é condenado pela morte de jornalistas durante a ditadura chilena


Por Igor Waltz*

03/02/2015


Espinoza está atualmente detido no presídio especial para militares de Punta Peuco, em Santiago (Crédito: AFP)

Pedro Espinoza está atualmente detido no presídio especial para militares de Punta Peuco, em Santiago (Crédito: AFP)

Um juiz chileno condenou a sete anos de prisão o brigadeiro reformado Pedro Espinoza pelo homicídio de dois jornalistas americanos dias após a instauração da ditadura de Augusto Pinochet, em 1973. Espinoza está atualmente detido no presídio especial para militares de Punta Peuco, em Santiago, cumprindo pena pela morte do ministro dos Negócios Estrangeiros do ex-Presidente chileno Salvador Allende e por violações de direitos humanos. A sentença foi publicada nesta segunda-feira, 2 de fevereiro.

O ex-funcionário civil da Força Aérea chilena Rafael González, acusado de cumplicidade com Espinoza, também foi condenado a dois anos de prisão remitida. As duas penas são de primeira instância e poderão ser apeladas.

A investigação do caso, iniciado pelo juiz Jorge Zepeda em novembro de 2011, concluiu que os jornalistas americanos Charles Horman e Frank Teruggi foram detidos dias depois do golpe militar de 11 de setembro de 1973. O magistrado determinou que o Fisco chileno pague uma indenização de US$ 315 mil às famílias dos dois jornalistas.

Horman, um roteirista que trabalhava para uma produtora de cinema chilena, foi detido por uma patrulha militar em 18 de setembro de 1973, em Santiago, após ser acusado de fazer trabalhos “subversivos”, depois de denunciar atividades da CIA contra a administração do então presidente Salvador Allende. Sua morte, ocorrida um dia depois de sua prisão, inspirou o filme ‘Missing – Desaparecido’ (1982), do cineasta grego Constantin Costa Gavras.

Teruggi era um estudante de 24 anos que produzia na época o boletim de esquerda FIN (Fonte de Informação Norte-americana), publicado nos Estados Unidos. Seu desaparecimento ocorreu entre 21 e 22 de setembro de 1973.

Os dois desaparecidos foram denunciados por agentes de um Grupo de Inteligência militar dos Estados Unidos que coletava informação sobre americanos que faziam atividades “relacionadas ao extremismo político” dentro e fora de seu país, diz o comunicado do Poder Judiciário.

O juiz Zepeda solicitou em 2012 à Suprema Corte a extradição do americano Ray E. Davis, ex-comandante de Grupo da Missão Militar dos Estados Unidos no Chile, após o golpe militar. No entanto, Davis morrem em 2013, aos 88 anos, em Santiago, segundo uma certidão de óbito entregue pela embaixada americana no Chile.

A ditadura de Pinochet (1973-1990) deixou mais de 3 mil mortos e 38 mil torturados, segundo dados oficiais.

*Com informações da AFP e do jornal Correio da Manhã [Portugal].