Contra a rotina e a favor das emoções


18/01/2008


José Reinaldo Marques 
18/01/2008

Tiago Brandão nasceu em Franca, interior de São Paulo, em 1º de outubro de 1982. Em 97, arrumou emprego no Comércio de Franca, como encartador de jornais. Dois anos depois, fez sua estréia na Fotografia na casa, onde está até hoje e já foi editor. Ele garante:
— Sem sombra de dúvida, prefiro ser repórter-fotográfico. Entrei meio que de gaiato na função editor da Fotografia, que exerci por nove meses, num momento de emergência vivido pelo jornal. Queria voltar pro trabalho na rua e, 15 dias depois de ter meu desejo atendido, fiz a foto que ganharia o Prêmio Esso. Prefiro essa vida, não tem rotina.

Além do dia-a-dia da redação, Tiago tem participado de diversas atividades ligadas à fotografia. Em 2005, se classificou em 2º lugar no Salão de Fotografia da Universidade de Franca (Unifran); evento do qual participou no ano seguinte e obteve a terceira colocação.

Já participou de diversas exposições coletivas na região de Franca — “Especial Dia das Mães”, “Retrospectiva 2005”, “O homem urbano trabalho e lazer”, “Brasil brasileiro” — e da retrospectiva organizada em 2007 pela Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de São Paulo (Arfoc-SP).

Tiago Brandão venceu recentemente o Prêmio Esso de Fotografia 2007, com a seqüência de fotos “Mãe Salva Filho em Piscinão”, publicadas no jornal Comércio de Franca, que registrou o momento em que uma mãe — a sapateira Maria Jerônima Campos, de 36 anos — atira-se em desespero em um poço, mesmo sem saber nadar, para salvar seu filho de nove anos, que tinha caído naquele local, momentos antes.

Prêmio

A notícia do Prêmio Esso de Fotografia 2007 o atingiu “como se tivesse segurado um fio de alta-tensão”:
— Entrei em choque! Não consegui chorar, só gritei. Minha esposa, Pâmela, a editora-chefe, Joelma, e a Diretora do jornal, Sônia, vibraram muito mais. Eu quase não acreditei.

Embora sonhe com a chance de trabalhar num grande veículo da capital, Tiago se mantém com os pés no chão, “fazendo com prazer todo tipo de cobertura, das mais corriqueiras às mais importantes”. Ele conta que não fez curso para ingressar na profissão:
— Eu tinha 14 anos e trabalhava no parque gráfico do jornal. De lá, ficava vendo o pessoal revelando os filmes e fui me interessando cada vez mais. O Waltinho, que era o único fotógrafo da casa na época, me passou algumas dicas e eu fui aprendendo, fuçando o equipamento.

Entre 2005 e 2006, Tiago expôs seu trabalho no Salão de Fotografia da Universidade de Franca, primeiramente numa série sobre o tema “O homem urbano, o trabalho e o lazer”:
— Enviei a foto da silhueta de um trabalhador com uma enxada na mão. Não tinha esperanças de me classificar, mas fui o terceiro colocado. O Duzzek Alves, meu amigo e colega de trabalho, tirou o primeiro lugar. Fiquei satisfeito com o resultado, especialmente por estar estreando em concursos.

Na experiência seguinte, o concurso era de nível nacional e o tema, “Brasil, brasileiro”:
— Fiquei em terceiro lugar novamente e fui o único da minha região a conseguir uma posição no concurso. Foi muito legal.

Preferência

Tiago diz que não tem há assunto que gosta mais ou menos de cobrir — “mas, se tiver que escolher, fico com Cidade e Polícia”. Para ele, o bom do fotojornalismo é pulsação que ele proporciona:
— A profissão é apaixonante pela quantidade de emoções que você sente dia após dia. Como já disse, não há rotina. Um dia estou aqui em Franca, fazendo reportagem sobre o mau estado do Córrego dos Bagres, no outro estou na região de Cachoeira do Fuzil, cobrindo rapel, ou sou escalado para uma matéria sobre famílias carentes, e assim vai. A gente aprende com pautas novas todos os dias.


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