Candidato do Partido Verde sabatinado na ABI


26/08/2008


Na seqüência da série de sabatinas promovida pela sucursal carioca do Estado de S. Paulo, o candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro pelo PV, Deputado Federal Fernando Gabeira — um dos sub-relatores da CPI dos Sanguessugas, em 2006 — foi o convidado desta terça-feira, dia 26, no Auditório Oscar Guanabarino, no 9º andar da sede da ABI.

O debate foi mediado pelo Diretor da sucursal Rio do jornal, Marcelo Beraba, e teve a participação de Irany Tereza, editora regional da Agência Estado, e Wilson Tosta, jornalista do Estadão, além de perguntas enviadas por internautas e pessoas presentes ao evento.

Ação estratégica

Para Fernando Gabeira, a cidade precisa resolver pelo menos três questões para voltar aos áureos tempos: desordem urbana, violência e capacidade de liderança:
— A violência passou a ser o fator que inibe a chegada de empresas e motiva a saída de algumas. A proposta do meu Governo é criar um plano de libertação da cidade, em especial das comunidades feitas reféns. Quero atingir uma meta predeterminada em curto prazo. Recorrer ao confronto — política do Governo do Estado —, somente em último caso. Atingir pessoas inocentes durante uma operação significa o fracasso da mesma. O Rio precisa do apoio de outras forças, nacionais ou internacionais, para instruir e treinar. A atuação da Força Nacional e do Exército na logística e no auxílio das ações deve ser feita em determinada escala.

Gabeira citou exemplos de ações bem-sucedidas em uma favela do Rio de Janeiro em que o Bope, cuja opressão ao crime tornou-se conhecida principalmente após o filme “Tropa de elite”, mostrou-se o contrário do relatado na tela:
— A favela de Tavares Bastos é considerada uma das mais seguras. Próxima ao Bope, contou com o auxílio do batalhão sobre que caminho seguir. Precisamos também de um policiamento metropolitano ostensivo, pois a falta de segurança é um obstáculo ao desenvolvimento da cidade. Em Bogotá, o policiamento urbano foi a peça-chave no combate à criminalidade. Aqui no Rio, a Guarda Municipal treinada seria a garantia da redução dos delitos.

Para o Deputado, uma forma de a Prefeitura se engajar na segurança pública é pela orientação da polícia em relação aos problemas do município, dirigindo seu treinamento para os conflitos existentes na cidade:
— Mas isso é um processo longo. O que eu posso fazer agora é reequipar e reeducar a Guarda Municipal. Há homens ali que foram treinados e educados à semelhança da PM, o que não significa que estejam preparados para ser uma polícia metropolitana moderna. Então temos que reequipar a Guarda Municipal, dar-lhe novo treinamento e equipamentos de comunicação adequados para que cada guarda municipal não esteja monitorando a cidade isoladamente. É preciso ter uma rede, estar a cada momento ligado com a central, receber informações de outro setor. Temos que construir um serviço de inteligência da Prefeitura, usando as possibilidades que se tem, consertando os equipamentos públicos quebrados. Vamos produzir informação para a polícia. Mas temos que tomar cuidado para a informação ir à polícia certa, porque, se ela estiver nas mãos da polícia errada, não teremos resultado.

Turismo, outra conseqüência

Quando Irany Tereza falou da insegurança dos turistas na cidade, considerada perigosa, o candidato afirmou:
— O reforço da segurança não significa apenas melhorar a ação da Guarda Municipal, mas também a iluminação, a limpeza e a sinalização. Isto contribuiria para dar tranqüilidade às pessoas ao transitar pela cidade.

Quanto aos moradores de rua, Gabeira foi questionado que tipo de atitude humanista — que ele preza como imagem de seu Governo — tomaria:
— Grande parte dos moradores de rua vem das cidades vizinhas — disse ele. — A Prefeitura entraria em contato com as prefeituras desses municípios para verificar as condições dessas pessoas. Implantaria as Casas de Passagem, onde os necessitados teriam acesso a um banho, uma roupa limpa e — visto que muitas vezes, nessas casas de amparo, os indigentes não se sentem bem e fogem — atividades que promovam a reintegração ou o retorno dessas pessoas à comunidade.

Em assunto relacionado ao anterior, o da moradia, Gabeira apresentou a seguinte proposta:
— Um sistema de redirecionamento seria implantado aqui no Rio de Janeiro. Caso a pessoa se arrependa, terá a assistência da cidade para regressar ao local de origem. Nas favelas, haverá o monitoramento, via Google, do surgimento de novas ocupações em áreas impróprias, para impedir um novo crescimento desordenado, um dos maiores problemas que a cidade enfrenta.

Propostas para a saúde

De acordo com o Deputado, o grande drama da saúde na cidade é o número insuficiente dos postos de atendimento:
— Nem sempre é necessário construir novos postos. Isto tem de ser concomitante com o aumento do horário de funcionamento do posto. Nos hospitais que têm verba suficiente para atender às suas necessidades, gestores profissionais, pessoas especializadas em administração, serão contratados para gerenciar corretamente os gastos. Quanto às condições de trabalho dos médicos, haverá melhoras à proporção que houver disposição e dedicação ao trabalho.

Sobre uma medida profilática contra a epidemia de dengue, Gabeira lamentou:
— Esta questão é difícil, porque a epidemia já está instalada. Para combater a doença, vou contratar helicópteros e aviões sem tripulantes para monitorar os focos de mosquito, como caixas d’água destampadas e outros, para que os agentes não precisem entrar em áreas arriscadas. Também reduzirá o número de mortes pela dengue um treinamento consolidado dos médicos e enfermeiros para que saibam identificar a doença e tomar as medidas necessárias e corretas para tratá-la.

Política ambiental

O deputado, que sempre teve importante atuação na área ambiental, apresentou suas propostas para o setor, pela primeira vez abordado na sabatina:
— Quero melhorar a coleta de lixo, usando mais catadores, promovendo a reciclagem — na Baixada Fluminense há uma indústria emergente de reciclagem —, instalando novos aterros sanitários — pois o de Gramacho, em Duque de Caxias, está praticamente esgotado —, sempre dentro de um plano gestor. Por meio do IPTU, quero estimular a construção de depósitos de água de chuva nas residências, bem como a geração de energia solar. Também tenho planos de instalar um sistema de saneamento básico e de coleta de lixo nas favelas, contratando, por exemplo, motoqueiros que, acoplando um carrinho de compras na moto, recolham o lixo da Rocinha.

No final do encontro, Gabeira levantou a questão da educação, que não foi abordada durante a sabatina:
— Sou contra o sistema de aprovação automática — afirmou. — Quero motivar a permanência do aluno na escola, auxiliar as explicadoras que se esforçam em garantir um aprendizado concreto dos alunos nas favelas e oferecer melhor condição de trabalho aos professores.

Nesta quarta-feira, 27, de 11h às 13h, o Estadão e a ABI recebem Solange Amaral (DEM).