Bruxo do Cosme Velho em exposição na BN

Acervo ABL

Machado aos 25 anos

A Fundação Biblioteca Nacional inaugura na próxima terça-feira, 23, a exposição “Machado de Assis: cem anos de uma cartografia inacabada”, que contém 200 documentos entre fotografias, cartas, livros, manuscritos e periódicos. A mostra — que tem curadoria do poeta Marco Lucchesi e fica em cartaz até 8 de novembro no Espaço Cultural Eliseu Visconti, no prédio sede da instituição (Rua México, s/n, com acesso pelo jardim — Centro do Rio) — abre para o público na quarta-feira, 24, com entrada gratuita, e funcionará nos seguintes dias e horários: de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h, e aos sábados, de 10h às 15h. Os telefones para contato são (21) 3095-3862 e 3095-3834.

De acordo com os organizadores, esta deverá ser uma das maiores exposições sobre Machado feitas até hoje e com ela a Biblioteca Nacional pretende destacar os momentos chave por que passou a construção da obra literária machadiana, relacionando-a com o processo de transformação ideológica vivenciado na corte e, de modo mais abrangente, em todo o Segundo Reinado.

Juntamente com a exposição, a BN, com o apoio dos Institutos Vivo e Pró-Visão, lança uma edição em braile e em audiolivro de “O alienista”, um das mais célebres obras do Bruxo do Cosme Velho, enquanto a editora Nova Aguilar apresenta suas obras completas em papel-bíblia. Na mesma ocasião, por iniciativa do Portal Domínio Público, do MEC, será inaugurado o site Machado de Assis, reunindo as edições digitais de livros sobre o escritor.

República

Marco Lucchesi ressalta que um dos propósitos da mostra é fazer com que a exposição seja um evento cultural inclusivo e não apenas para um pequeno grupo de aficionados:
— Uma das nossas primeiras preocupações foi de que a exposição, por sua abrangência, tivesse a representação da República, para que os mais diversos segmentos da sociedade, além dos especialistas, pesquisadores, estudantes e professores, participem dela. Pensamos nas pessoas comuns que, num passeio pelo Centro da Cidade, podem querer conhecer a obra machadiana.

Segundo o curador, quem for à Biblioteca Nacional terá uma visão abrangente do escritor e sua obra, “iluminada por novas leituras e algumas pequenas descobertas feitas durante a pesquisa”:
— Aproveitamos o centenário de Machado de Assis para levar ao conhecimento do público a derrubada de alguns mitos que envolvem o escritor, como o de que ele não teve interesse pela questão da escravidão. Encontramos uma carta em que o escritor se diz feliz e entusiasmado com a Lei do Ventre Livre, de 1871.

Ainda de acordo com Lucchesi, a mostra pretende também destacar o olhar de Machado sobre as transformações que ocorreram no Rio em sua época:
— As mudanças na face da cidade são contadas a partir da narrativa do próprio escritor em seus livros.

Foto da casa do escritor

Memória

Para facilitar a orientação do público e, como informa a Assessoria da BN, “guardar a memória da exposição e do Ano Nacional Machado de Assis”, o catálogo da mostra é farto em ilustrações, resumos dos módulos apresentados e textos explicativos.

A comemoração do centenário de Machado pela BN incluirá posteriormente o lançamento do livro “Machadiana da Biblioteca Nacional”, reunindo seu precioso acervo documental do autor; a edição fac-similar completa do jornal O Espelho, com o qual ele colaborava regularmente; e a publicação de “Pareceres do Conservatório Dramático Brasileiro” (Coleção Rodolfo Garcia, vol. 34, Série Bibliografia), com um inventário das críticas que o Bruxo redigiu para a instituição sobre peças a serem encenadas.

Quarta às 4

No dia 24, a BN terá uma edição especial do projeto Quarta às 4 com a apresentação de “Estudos comemorativos”, em que especialistas debaterão temas relacionados a Machado de Assis.

Sobre o escritor

Joaquim Maria de Machado de Assis (1839-1908) foi jornalista, cronista, contista, romancista, poeta e teatrólogo. Fundador e primeiro Presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), é considerado a maior personalidade literária brasileira e um dos maiores escritores da língua portuguesa.

Por iniciativa do Governo Federal, para marcar o centenário de sua morte, foi sancionada a lei que instituiu 2008 como o Ano Nacional Machado de Assis. O escritor também foi escolhido como o tema central de celebração da 14ª edição da Ordem do Mérito Cultural, solenidade realizada tradicionalmente em novembro, por ocasião do Dia Nacional da Cultura.

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