ABI lamenta a morte de Daniel Piza


02/01/2012


O corpo do jornalista e escritor Daniel Piza, 41 anos, foi enterrado na manhã deste domingo, 1, no Cemitério de Congonhas, zona sul de São Paulo. A cerimônia foi acompanhada por familiares, amigos e colegas do Grupo Estado.

Daniel Piza morreu na noite do dia 30 de dezembro, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), em Gonçalves (MG), onde ele passava as festas de fim de ano na companhia da família. O jornalista chegou a ser socorrido pelo pai, que é médico, mas não resistiu. Ele deixa a mulher, a também jornalista Renata Piza, e três filhos, Letícia, de 14 anos, Maria Clara, de 10, e Bernardo, de 6.

Piza nasceu em São Paulo em 1970. Estudou Direito no Largo de São Francisco (USP), mas se dedicou ao jornalismo. Começou a carreira no Estadão, onde, de 1991 a 1992, foi repórter do Caderno 2 e editor assistente do Cultura.

 
Trabalhou na Folha de S. Paulo (1992-95) e na Gazeta Mercantil (1995-2000). Em maio de 2000, retornou ao Grupo Estado como editor executivo e colunista cultural – desde 2004, tinha uma coluna sobre futebol. Na rádio Estadão ESPN, apresentava os programas “Estadão no Ar” e “Direto da Redação”. 

Muito ligado à literatura e às artes plásticas, transitava com desenvoltura e conhecimento pelo cinema, dança, música, teatro e moda. Na coluna Sinopse, publicada aos domingos no Caderno 2, a política e a economia nacionais também eram temas frequentes. Apaixonado por futebol, foi responsável por reportagens exclusivas também nesta área, como a notícia da aposentadoria do jogador Ronaldo.

 
Em 2009, com o repórter fotográfico Tiago Queiroz, refez a expedição de 1905 do jornalista e escritor Euclides da Cunha pela Amazônia, que resultou na publicação de uma série de reportagens, no livro “Amazônia de Euclides” e no documentário “Um Paraíso Perdido”. Colaborou com o diretor Luiz Fernando Carvalho na preparação do roteiro de Capitu, minissérie da TV Globo.
 
A produção jornalística de Daniel Piza está reunida em “Questão de Gosto”, “Perfis & Entrevistas”, “Contemporâneo de Mim – Dez Anos da Coluna Sinopse”, “Aforismos sem Juízo e Jornalismo Cultural”. Como biógrafo, assinou livros sobre Ayrton Senna (“O Eleito”) e Paulo Francis (“Brasil na Cabeça”) antes de lançar sua obra principal no gênero, “Um Gênio Brasileiro”, sobre Machado de Assis. Foi tradutor, entre outros autores, de Henry James (“A Arte da Ficção”) e H.G. Wells (“A Máquina do Tempo”).
 
Nos anos 90, lançou o romance, “As Senhoritas de Nova York”; em 1995, foi a vez de seu primeiro livro infantil, “Mundois”; e, em 2010, a coletânea de contos “Noites Urbanas”. Organizou ainda as coletâneas de textos de Paulo Francis, do americano H. L. Mencken e do irlandês Bernard Shaw – “O Dicionário da Corte de Paulo Francis”, “Dentro da Baleia – Ensaios” e “O Teatro das Ideias de Bernard Shaw”, respectivamente.
 
Solidariedade
O jornalista e escritor Zuenir Ventura destacou a personalidade de Daniel Piza. “O que mais me surpreendia era a modéstia e a serenidade.”
 
Para Roberto Gazzi, Diretor de Desenvolvimento Editorial do Estado, Piza era um “exemplo para os colegas”. “Um profissional completo, capaz de fazer uma grande reportagem especial, dar furos em várias áreas e manter uma coluna semanal brilhante.”
 
“O Brasil perdeu um grande jornalista, um jovem intelectual com tanto ainda a contribuir”, disse o Diretor de Conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour. “Pessoalmente, sempre me chamou atenção a habilidade com que ele soube trafegar entre o jornalismo e a literatura.”
 
Em telegrama endereçado ao jornalista Ricardo Gandour, a ABI manifestou solidariedade aos familiares, amigos e colegas de trabalho de Daniel Piza:
“A Associação Brasileira de Imprensa associa-se à dor dos companheiros de O Estado de S. Paulo pelo falecimento precoce do jornalista Daniel Piza, cujo desaparecimento causa grande consternação a quantos acompanharam a sua fecunda trajetória jornalística e priva a imprensa brasileira de um dos seus melhores profissionais. Peço-lhe a gentileza de transmitir à família enlutada os sinceros pêsames da ABI.
 
Cordialmente, Maurício Azêdo, Presidente”
 
 
 
 
*Com informações do jornal O Estado de S.Paulo.