ABI é festejada pela coirmã OAB


11/04/2008


Fotos: Rodolpho Terra

Maria Adélia, Fernando, Maurício, Lauro, Marcos, Marcelo, Modesto e Marcus Vinícius

Os cem anos da Associação Brasileira de Imprensa foram homenageados nesta quinta-feira, dia 10, em sessão solene na OAB-RJ, conduzida pelo Vice-presidente da entidade, Lauro Schuch. A mesa reuniu o Presidente da ABI, jornalista e advogado Maurício Azêdo; o jornalista Fernando Barbosa Lima, Presidente do Conselho da ABI; Maria Adélia Campelo, Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros; o advogado Modesto da Silveira; Marcus Vinicius Cordeiro, Diretor de Cultura e Eventos da OAB-RJ; Marcelo Chalréo, Secretário-adjunto da OAB-RJ; e Marco Luiz Oliveira de Souza, Secretário-geral da OAB-RJ.

Lauro Schuch — em substituição ao Presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, ausente em função de um compromisso de trabalho — iniciou a saudação ressaltando que a ABI é uma entidade coirmã da OAB, com diversos traços históricos semelhantes:
— Constituídas inicialmente para organizar e garantir a defesa dos profissionais, ambas trilharam o caminho de luta e sacrifícios para assegurar as liberdades, o desenvolvimento e o progresso da sociedade brasileira.

Schuch lembrou ainda os momentos de tensão enfrentados pelas duas entidades na busca por justiça e democracia.
— Aqueles que jogaram bombas na OAB foram os mesmos que jogaram na ABI e com o mesmo propósito: calar os que insurgiam contra a ferocidade do sistema que avassalava os valores mais elementares da civilização.

O Vice-presidente da OAB destacou a vitalidade da ABI e o compromisso com a liberdade e a democracia ao longo de um século:
— Aos cem anos, a entidade se renova com a Presidência de Maurício Azêdo, companheiro e combativo militante das causas humanas, que oferece o vigor à ABI, tal qual a OAB, sempre pronta a responder os anseios do povo.

Acentuando a identidade das associações, Schuch citou os advogados Evaristo de Moraes e Evandro Lins e Silva, que tiveram passagens marcantes pela imprensa:
— Compartilhamos os mesmos espaços, as mesmas trincheiras, como na década de 30 e, mais recentemente, no impeachment de Collor, quando Barbosa Lima Sobrinho e Evandro Lins e Silva lutaram juntos pelo compromisso de devolver à Nação o cumprimento da Constituição. Esta simbiose nos faz íntegros e merecedores do respeito e da credibilidade de nossa gente.

Valores éticos

             Fernando Barbosa Lima e Maurício

Em nome da ABI e de seu Presidente do Conselho Deliberativo, Fernando Barbosa Lima, Maurício Azêdo agradeceu a homenagem de Lauro Schuch, com quem batalha “há algum tempo em favor das mesmas causas voltadas para o enaltecimento dos valores democráticos e éticos na vida da nossa cidade e estado”. Ele se disse confortado com a lembrança de momentos e princípios que a ABI tem sustentado ao longo de cem anos, em especial a relação forte com a OAB.
— Entre os Presidentes da ABI, cerca de 70% eram jornalistas e também advogados. Raul Pederneiras, que dirigiu a Associação no fim dos anos 10, era advogado e também professor de Direito Internacional na antiga Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. O jornalista e advogado Barbosa Lima Sobrinho sucedeu Pederneiras a convite do próprio, que precisava de um jornalista de densidade para ocupar a ABI. Na época, Barbosa Lima Sobrinho — que tinha 29 anos e era redator-chefe do Jornal do Brasil — brilhava na crônica política. Ele deu à ABI o rumo fundamental para a sobrevivência da entidade e a vitalidade aos cem anos.

De acordo com o atual Presidente da ABI, Barbosa Lima Sobrinho propôs a unificação das entidades jornalísticas então existentes (Clube de Imprensa, ABI e AIB) para que o sonho de construção da sede própria se concretizasse:
— As autoridades públicas da época se comprometeram a doar um terreno no Castelo, desde que elas se unificassem. Barbosa Lima propôs a renúncia dos dirigentes das três associações e a escolha de um nome para a entidade recém-criada. O escolhido foi o jornalista e também advogado Herbert Moses, que mantinha um escritório com dez advogados, indicativo de seu prestígio e responsabilidade.

Também ocuparam a Presidência da ABI os jornalistas e advogados Danton Jobim, um dos introdutores do ensino de Jornalismo em nível universitário no Brasil, Prudente de Moraes, neto, Elmano Cruz e Fernando Segismundo. Maurício explicou que, como até a década de 60 não era exigido o diploma da categoria, “afluíam à imprensa os jovens advogados empenhados no desejo comum a jornalistas e profissionais do Direito: a sede de justiça”.
— O advogado Evandro Lins e Silva, por exemplo, foi um dos fundadores do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do antigo Distrito Federal, hoje Sindicato do Município do Rio de Janeiro, e um dos redatores do primeiro estatuto da instituição. Outro exemplo é o brilhante Evaristo de Moraes Filho, que começou a vida profissional como repórter de polícia do jornal Último Hora, à época de Samuel Weiner.

Maurício Azêdo e Lauro Schuch

O Presidente da ABI agradeceu a homenagem, sublinhando a contribuição da OAB-RJ à restauração das instituições democráticas na denúncia dos atos de violência do regime militar:
— Nessa época, eu era chefe de reportagem da sucursal Rio do Estado de S.Paulo e com freqüência pautávamos entrevistas e buscávamos informações com o então Presidente da OAB, José Ribeiro de Castro Filho, um dos mais corajosos membros da advocacia brasileira na luta pela ordem democrática e a legalidade constitucional.

Na esteira dessa linha de atuação, Maurício citou ainda as atuações de Francisco Costa Neto, Eugenio Roberto Hadock Lobo, Virgílio Donnici, Carlos Mauricio Martins Rodrigues, Helio Sabóia, Nilo Batista, Cândido de Oliveira, Wadih Damous, Lauro Schuch, Bernardo Cabral, Eduardo Seabra Fagundes, Herman Baeta e Raimundo Faoro.