Dono de jornal é morto no Mato Grosso do Sul


05/10/2012


Luiz Henrique Georges, proprietário do Jornal da Praça, de Ponta Porã (MS), foi assassinado na tarde de quinta-feira, dia 4, na Avenida Brasil, fronteira entre o Estado brasileiro e o Paraguai, quando seguia de carro para sua residência, junto com seu segurança, conhecido como Gordo Veras, que também foi morto, e um outro funcionário, Ananias Duarte, que foi hospitalizado em estado grave em função dos ferimentos.
 
Luiz Henrique Georges estava dirigindo uma caminhonete quando foi atingido por pelo menos 20 tiros de fuzil, segundo informações do site Conesul News, desfechados por dois homens não identificados que ocupavam um outro veículo.
 
Luiz Henrique Georges era sobrinho do empresário Fahd Jamil Georges, acusado de ser o chefe do crime organizado e do tráfico de drogas na região da fronteira.
 
Responsável pelo caso, o delegado Sandro Márcio Pereira, da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porá, disse que vai aguardar a recuperação de Ananias Duarte para obter mais detalhes sobre o ataque.
 
No dia 12 fevereiro deste ano, Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, 51 anos, conhecido como Paulo Rocaro, editor do Jornal da Praça, foi morto a tiros de fuzil no mesmo local. A polícia suspeita que o crime tenha sido motivado pela publicação de matérias de denúncias contra traficantes de drogas. O caso ainda não foi elucidado. A polícia vai investigar se os dois crimes estão relacionados.
 
Luiz Henrique Georges comprou há pouco tempo o Jornal da Praça, único diário da região. Em entrevista à RBV News, Edmundo Tazza, editor-chefe do jornal, disse que a reportagem de capa desta sexta-feira, dia 5, trazia graves acusações contra um dos candidatos à prefeitura da cidade, onde há uma forte disputa partidária. “Não podemos acusar ninguém, já que não há provas, mas é muita coincidência este atentado ter acontecido logo depois de o jornal ter publicado as acusações.”
 
A fronteira entre Brasil e Paraguai é considerada uma área de risco para a atividade jornalística, “uma zona sem lei e ponto de trânsito importante para o contrabando de armas e drogas”, segundo dados do International Press Institute (IPI) divulgados em março deste ano. Além de atentados, casos de ameaças de morte são freqüentes, como as dirigidas ao correspondente paraguaio Cândido Figueiredo.
 
Com a execução de Luiz Henrique Georges sobe para nove o número de jornalistas mortos no primeiro semestre de 2012 no Brasil, que figura entre os países mais perigosos para jornalistas no mundo.  Segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), o Brasil apresenta índice de impunidade de 75% dos crimes e é o país da América Latina que registra maior número de mortes relacionadas à profissão.
 
*Com Knight Center for Journalism, Terra.