Um perfil de Moacir, por Cravo Albin


03/12/2010


Em artigo que o jornal “O Dia” vai publicar na sua edição desta segunda-feira, 6 de dezembro, o jornalista e escritor Ricardo Cravo Albin faz o elogio póstumo de Moacir Werneck de Castro, por ele descrito como “a configuração da honradez e da integridade, inclusive na coerência em relação às idéias políticas”. Diz Cravo Albin no texto sob o título “Um homem honesto”:

“O sentido verdadeiro do que deve ser – ou o que pode ser – um homem honesto é por vezes relativo, fluído até, quando não indefinível em termos absolutos. Mas o jornalista e escritor Moacir Werneck de Castro – que nos deixou aos 95 anos – bem mereceria no túmulo (que não existe, porque foi cremado semana passada) uma frase tipo “aqui jaz um homem verdadeiramente honesto”. E não apenas porque Moacir foi um ser humano exemplar ao longo de vida esticada e útil. Ele representou – para tantos de nós, seus colegas de imprensa, de tertúlias literárias, de conversas pessoais, de confidências entre amigos – a configuração da honradez e da integridade. Inclusive na coerência em relação às idéias políticas, sempre destemidas, mas pensadas dentro da sutilíssima conjugação de ação + coração + decência.

Fiz-me ainda mais amigo de Moacir e Neném (sua adorável esposa) através de Darci Ribeiro. Que, bruxo que era e vidente de almas translúcidas, tinha por ele uma admiração sem limites.

O fato é que – nas conversas que se espichavam por horas – apreendi também dele o verdadeiro sentido da coerência e da compostura. Que todos deveríamos ter, mas que só tão poucos podem apregoar de verdade. De modo silencioso e canônico, Moacir foi exemplo para todos nós, que escrevinhamos em jornais ou livros. E que temos a pretensão de informar e por vezes de opinar com infinita pobreza (no meu caso) ante a grandeza de um nobre de espírito e de comportamento como Moacir Werneck de Castro. Bem fez o Conselho Estadual de Cultura, quando eu o presidia anos atrás, em lhe conferir o Golfinho de Ouro de jornalismo. Como muitíssimo bem fez a ABI, com o Presidente Maurício Azedo à frente, em lhe dedicar há dias tocante homenagem. A que acorreram tantos de nós, velhos e devotados discípulos seus.” 

*Ricardo Cravo Albin, Jornalista e escritor – www.institutocravoalbin.com.br