Reino Unido nega visto a jornalista colombiana


14/09/2010


A jornalista colombiana Claudia Julieta Duque teve seu visto de entrada recusado pelo Governo do Reino Unido, que anteriormente a elogiara pela autoria de diversas reportagens sobre a violação de direitos humanos na Colômbia, que acabaram provocando o seu próprio seqüestro e um período de dez anos sendo ameaçada de morte.

 
O motivo da viagem da jornalista à Europa são os prêmios que irá receber pelo desenvolvimento de um “trabalho corajoso”, como afirma o secretario geral do Sindicato Nacional dos Jornalistas britânicos, Jeremy Dear:
— A Claudia está na Europa para receber prêmios pelo seu trabalho corajoso a documentar os abusos de direitos humanos na Colômbia. É vergonhoso que o governo do Reino Unido seja o único a recusar-lhe o pedido de visto, aparentemente por motivos políticos, afirmou Jeremy Dear, pedindo a revogação urgente da decisão. 

Claudia Julieta Duque tem sido alvo de vigilância e perseguições de setores da política e do poder público desde que investigou o assassinato do jornalista Jaime Garzon (1999) — cujo mentor teria sido José Miguel Narváez, subdiretor da Agência Nacional de Inteligência colombiana —, e apontou o envolvimento de políticos e dos serviços de segurança. O seu trabalho inclusive contribuiu para a condenação de um dos chefes dos serviços secretos colombianos. 

Após a divulgação desse caso, Claudia continuou a investigar e  registrar abusos dos direitos humanos e, por causa disso, foi sequestrada, foi forçada a deixar o país três vezes, além de descobrir recentemente documentos oficiais em que aparecem detalhadamente procedimentos para lhe ameaçar e intimidar.

 
O secretário geral da Federação Internacional dos Jornalistas, Aidan White, comentou o caso:
— No momento em que a comunidade internacional deveria reprimi duramente a impunidade e as violações dos direitos dos jornalistas, é impressionante que as autoridades da Grã-Bretanha estão fechando as portas para um dos repórteres mais ilustres da Colômbia, cujo trabalho é uma fonte de inspiração na luta para a democracia e os direitos humanos, afirmou Aidan White.
 
 
* Com informações da Federação Européia de Jornalistas.