A violência do futebol e a impunidade


30/03/2010


Antonio Carlos Flores de Moraes, Professor da PUC e Conselheiro do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro, encaminhou à ABI artigo sobre a violência no futebol e a impunidade. Moraes é candidato à Presidência do Fluminense. 

O texto do Conselheiro do TCMRJ tem o seguinte o teor: 

“Vários fatores agem e interagem para o esvaziamento progressivo em nossos estádios. Urge a união dos dirigentes de clubes, juntamente com os governos, federações, jornalistas esportivos, e sem sombra de dúvidas representantes dos torcedores, para em comunhão focar alternativas e procedimentos, visando à saída para este marasmo reinante.

Vislumbro, de imediato, uma das causas de extrema responsabilidade pelo afastamento crescente dos apreciadores do futebol arte: a violência e a impunidade, um binômio agravante para esta situação exacerbada, mas atualmente tão “em moda”. 

Assistindo ao meu Fluminense, domingo, dia 21, desfalcado de seu principal artilheiro, Fred, contra o Resende, observei o árbitro Pathice Walace Mais ignorar algumas faltas. Vá lá, tudo bem! Poderia se imaginar que o juiz, ou soprador de apito, como diria o saudoso Mário Vianna, não queria travar o jogo. Queria dar maior dinâmica à partida.

Entretanto, a atitude criminosa do goleiro adversário sobre nosso atacante André Lima, indubitavelmente uma agressão, conforme caracterizado pelo nosso Código de Processo penal, sob a forma de crime.

O atleta (?) do Resende saltou sobre a região torácica do André Lima, metendo-lhe, literalmente, o pé no peito. A arbitragem nada assinalou.

Ou a Comissão de Arbitragem da Federação ou a própria Justiça Desportiva, independente de registro de súmula, mas baseada em gravações e/ou fotos, deveria punir o atleta agressor e idem a arbitragem pela omissão, também tipificada em nosso CPP como crime de prevaricação.

Mencionei apenas um lance em jogo. Temos que incentivar e proteger os profissionais habilidosos, que tantas glórias trouxeram ao nosso Brasil. O futebol gladiador não condiz com nossas conquistas internacionais.

Nossa terra, capaz de exportar uma infinidade de talentosos jogadores, e ainda implantar e/ou estimular a referida modalidade esportiva em vários continentes, não pode mais conviver com este quadro, que só contribui para a regressão, em termos gerais.

Quebrar um profissional, afasta-o de sua atividade, por determinado tempo, e às vezes definitivamente, infelizmente. 

É hora de agir. Antes tarde do que nunca, ou será que teremos que recorrer ao Sobrenatural de Almeida (com a permissão de Nélson Rodrigues) para assistirmos a grandes espetáculos de futebol, ao contrário das agressões impunes, típicas de luta-livre?” 

Antonio Carlos Flores de Moraes

Professor da PUC e Conselheiro do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro.