Jornalistas denunciam censura em Honduras


27/01/2010


Entidades de imprensa divulgaram nesta quarta-feira, 27, um relatório sobre a censura à imprensa em Honduras. O documento foi elaborado por representantes das seguintes organizações: Associação Mundial de Jornais (WAN), Associação de Entidades Jornalísticas da Argentina (ADEPA); Artigo 19; Associação Mundial das Rádios Comunitárias (AMARC), Federação Internacional de Jornais (IFP), International Media Support (IMS), FreeVoice e Repórteres Sem Fronteira(RSF).

Os jornalistas estiveram em Honduras entre os dias 1º e 7 de novembro de 2009, qunado analisaram a situação dos veículos de comunicação, submetidos a forte censura desde o dia 28 de junho, data do golpe de estado que afastou do poder o então Presidente Manuel Zelaya.

De acordo com o relatório, a censura permanece, especialmente nos veículos que se opuseram ao golpe de estado. Entre os exemplos, a ocupação militar da Radio Progreso; os ataques e fechamentos do Canal 36, rádios Globo e Uno; das publicações El Libertador, Revistazo e El Patriota; das emissoras comunitárias Radio Marcala, Radio Coco Dulce; das interferências no jornal Diario Tiempo; a suspensão de programas organizados e produzidos por membros da sociedade civil. À repressão, somaram-se dezenas de atos de violência contra a população, como o assassinato de Walter Tróchez, jovem defensor dos direitos humanos.

Contudo, segundo o estudo, o golpe de estado não teria obtido êxito sem o apoio dos principais veículos de comunicação de Honduras, nas mãos de políticos e empresários que não se refutaram a impor às suas redações a este tipo de conduta.

Para os organizadores da pesquisa, o golpe de estado em Honduras apresenta um dilema: a necessidade de defender a imprensa, sabendo que parte dela está atrelada a atos de violência contra a democracia e seus princípios.

Na opinião dos pesquisadores, as conseqüências do golpe não desaparecerão a partir das eleições realizadas em 29 de novembro de 2009, conforme desejou o governo golpista. A situação pode se prolongar e impedir que o Poder Executivo restaure o estado de direito, o pluralismo, as liberdades, entre elas, a de informar.

Na conclusão o documento aponta prioridades como a reforma na legislação que regula os meios de comunicação e o reconhecimento das rádios comunitárias. Neste sentido, as organizações IMS, FreeVoice, AMARC e Repórteres Sem Fronteiras pretendem financiar a reconstrução da Radio Coco Dulce, destruída em um incêndio criminoso.

Os organizadores lembram também que a legislação hondurenha precisa se ajustar aos padrões internacionais relacionados à área da informação, para combater os crimes contra a imprensa e garantir a segurança dos jornalistas. O diálogo entre os meios de comunicação, as organizações de defesa dos direitos humanos e a sociedade civil é o caminho, de acordo com o relatório, para que Honduras retome a via democrática.

A íntegra do relatório está disponibilizada no site www.rsf.org

*Com informações da RSF