Atlético Mineiro — cem anos (III)


16/05/2008


Foram muitas as conquistas nesses cem anos de existência do Clube Atlético Mineiro. Destacaremos alguns momentos dessa gloriosa história centenária. Começamos com o primeiro título da era profissional, em 1936. Na sensacional campanha, o Atlético obteve nove vitórias e dois empates, sofrendo apenas uma derrota. Marcou 49 vezes e sua defesa deixou passar 14 gols. Guará foi o principal artilheiro, com 22 gols assinalados, sendo que na goleada de 9 a 1 sobre o Retiro S.C. balançou a rede adversária sete vezes. O vice-campeão foi o Palestra (atual Cruzeiro). No mesmo ano, o Atlético sagrou-se campeão do Torneio dos Campeões da região Sudeste. O torneio, organizado pela Federação Brasileira de Futebol, reuniu além da equipe mineira, o Fluminense, a Portuguesa de Desportos e o Rio Branco, do Espírito Santo.

O bicampeonato estadual de 1946/47 foi conquistado no ano do Cinqüentenário de Belo Horizonte. No elenco alvinegro destacavam-se as presenças de Kafunga, Afonso, Mexicano, Zé do Monte, Lucas, Lero, Carlyle e Nívio. Sob o comando do uruguaio Felix Magno, no primeiro ano o Atlético obteve 14 vitórias, uma derrota e três empates. Em 1947, nos 12 jogos disputados, o time venceu dez partidas, empatou uma e perdeu apenas um jogo. O meia Lero, posteriormente contratado pelo Flamengo, com 16 gols em 46 e 12 em 47, consagrou-se como artilheiro do bi.

Em pleno outono e já sentindo as baixas temperaturas do inverno que se aproximava, o Atlético Mineiro realizava seu primeiro jogo da excursão por gramados europeus (Alemanha, Áustria, Bélgica, Luxemburgo e França), a qual se prolongou até o início de dezembro de 1950. O adversário, no dia 1º de novembro, na Alemanha, foi o Munich 1860 da cidade de mesmo nome, onde Zezinho, Kafunga, Lauro, Murilinho, Vaguinho, Nívio, Alvinho, Márcio e Lucas (foto) brincaram na neve (foto no alto da página). O placar da partida favoreceu os alvinegros por 4 a 3. Em Paris, o triunfo por 2 a 1 sobre o Stade Français encerrou a série de dez jogos do Atlético, que obteve seis vitórias, dois empates e duas derrotas.

Rumo ao penta

Em 1952, o Atlético Mineiro iniciou a série de títulos que culminou com a conquista do pentacampeonato. O Siderúrgica, adversário na decisão do primeiro título, perdeu por 3 a 1 e 2 a 1 os dois jogos da melhor de três. No ano seguinte, após um início razoável, o Galo partiu no 2º turno para o bicampeonato. No primeiro tri da história do clube, a campanha apresentou 21 vitórias, cinco derrotas e cinco empates. Ubaldo liderou a artilharia com dez gols. (na foto ao lado, vemos uma das formações do Atlético na campanha do tricampeonato: em pé, Murilinho, Gastão, Joel, Orlando “Pingo de Ouro” e Amorim; agachados, Geraldino, Osvaldo, Afonso Silva, Sinval, Zé do Monte e Haroldo Lopes)

Para chegar ao tetra, o Atlético, vencedor do terceiro turno, disputou um triangular decisivo com o Vila Nova e o Democrata, vencedores do primeiro e do segundo turnos, respectivamente. A glória do pentacampeonato veio após a disputa de uma emocionante melhor de três contra o Cruzeiro, vencedor do segundo turno. Os empates de 0 a 0 e 1 a 1 foram os resultados das duas primeiras partidas. Com o Estádio Independência lotado, no dia 2 de junho de 1956, o placar não se alterou até os 44 minutos do segundo tempo, quando Toledo centrou e Vaduca, de cabeça, marcou o gol histórico. Clube Atlético Mineiro pentacampeão estadual.

Sob a direção técnica de Telê Santana, o Atlético levantou o título do campeonato brasileiro de 1971. Numa final empolgante no Maracanã diante do Botafogo, o Galo venceu por 1 a 0. O Botafogo precisava vencer por seis gols de diferença para ser campeão. Se ganhasse por uma diferença menor, o título seria do São Paulo. Para o time mineiro, tudo isso era secundário. A conquista dependia de suas próprias forças. A competência de Telê Santana na armação da equipe e a determinação dos jogadores foram fatores decisivos para a vitória atleticana.

Aos 13 minutos do segundo tempo, Humberto Ramos partiu pela esquerda, recebeu de Tião e centrou na medida para a cabeçada de Dario, o “Dadá Maravilha”, estufar a rede de Wendell. (na foto tirada antes do jogo no Mineirão, estão em pé, Renato, Humberto, Grapete, Vanderlei, Vantuir e Oldair; e agachados, Ronaldo, Humberto Ramos, Dario, Lola e Tião).

Sem nenhum demérito ao título do Atlético, dizer que o time alvinegro foi o primeiro campeão brasileiro é um grande equívoco histórico. As competições anteriores organizadas inicialmente pela CBD e posteriormente pela CBF são reconhecidas pela própria entidade como competições nacionais desde 1920, quando o Paulistano, vencedor do Triangular dos Campeões, foi proclamado pela CBD o primeiro campeão brasileiro. Disputaram a competição, além do clube paulista, o Fluminense e o Brasil de Pelotas.