09/05/2008
O movimento Assinado-Tradutores, organizado por tradutores brasileiros, enviou um dossiê à ABI, denunciando supostas irregularidades que vêm ocorrendo em publicações literárias universais. De acordo com o documento, assinado por 137 profissionais, editoras como Nova Cultural e Martin Claret “publicaram livros traduzidos há décadas por intelectuais consagrados no Brasil e Portugal, atribuindo as traduções dessas obras a outras pessoas”. Dentre os que tiveram seus nomes substituídos estão o poeta gaúcho Mário Quintana, Ligia Junqueira, Galeão Coutinho e Octavio Mendes Cajado.
Os manifestantes afirmam que a maioria do material fraudado refere-se a livros de bolso ou distribuídos para venda em banca, com grandes tiragens que são enviadas para bibliotecas públicas de todo o País. Segundo o documento, um dos setores mais afetados pelas supostas irregularidades são as bibliotecas universitárias, que “oferecem a alunos e professores edições fraudadas e milhares de teses, monografias, estudos, artigos, reproduzem em suas referências bibliográficas créditos de traduções suspeitas”. O dossiê cita um total de 31 titularidades de traduções adulteradas: 23 atribuídas à Nova Cultural e oito à Martin Claret.
Denise Bottmann, tradutora há cerca de 20 anos, disse que o Assinado-Tradutores foi formado em dezembro de 2007. Contou que tomou conhecimento das adulterações em traduções através de uma comunidade do Orkut, em setembro de 2007.
Na ocasião, o tradutor Saulo von Randow Jr. apontou a semelhança entre a edição de “Ivanhoé” (Martins Editora,1960) traduzida por Brenno Silveira e a da Nova Cultural (2003), atribuindo a tradução a Roberto Nunes Whitaker:
— O caso foi relatado pelo tradutor Danilo Nogueira, que publicou no fim de agosto, em seu blog (bloghttp://tradutor-profissional.blogspot.com), uma entrevista com Randow Jr., apontando o fato. Nos meses de outubro e dezembro do ano passado, o jornal Folha de S.Paulo publicou matérias sobre problemas na Martin Claret.
Na edição de 19 de abril de 2008, O Globo publicou no caderno Prosa & Verso a matéria “Muito em comum”, de autoria de Miguel Conde, que descreve dezenas de casos suspeitos de plágio pela Nova Cultural, com declarações de diversos intelectuais, tradutores e editores.
Segundo Denise Bottmann, em 2002 o poeta e tradutor Ivo Barroso já havia apontado que a obra “Cyrano de Bergerac” (traduzida por Carlos Porto Carreiro, editada pela Pongetti) também foi publicada pela Nova Cultural, atribuindo a tradução a Fábio M. Alberti.
Para evitar que os casos de plágio continuem acontecendo, o movimento dos tradutores tem pedido apoio a docentes, intelectuais, entidades, instituições culturais e sindicatos patronais, entre outros:
— Esse problema afeta a sociedade como um todo e cremos que caberia a alguma entidade assumir a frente, até para poder tomar medidas práticas e concretas. O Assinado-Tradutores é composto por uma frente ampla e variada de cidadãos revoltados com essas ocorrências.
Denise Bottmann diz ainda que tanto a Martin Claret como a Nova Cultural têm versões diferentes nas suas defesas:
— A Martin Claret,alegando