Medalha Pedro Ernesto para a ABI


17/04/2008


 Fotos: Cicero Rodrigues

 Maurício Azêdo e Stepan Nercessian

A ABI recebeu nesta quarta-feira, dia 16, a Medalha de Mérito Pedro Ernesto, em celebração ao centenário da entidade. A mais importante comenda da cidade do Rio de Janeiro é concedida pela Câmara Municipal a entidades e personalidades que se destacam no País.

Presidida pelo Vereador Stepan Nercessian (PPS), a mesa de honra reuniu o Presidente da ABI, Maurício Azêdo, o ex-Senador Bernardo Cabral e o advogado Modesto da Silveira, ambos sócios da ABI, e Orpheu Salles, Conselheiro da entidade e editor da revista Justiça e Cidadania.

Stepan abriu a cerimônia pedindo um minuto de silêncio em memória do Conselheiro da ABI Arthur Cantalice, morto na véspera, destacando os serviços prestados pelo jornalista à imprensa e ao País ao longo de 81 anos de vida: BR>— Defensor fervoroso da liberdade de imprensa e de uma sociedade mais justa e humanitária, Cantalice terá o nome perpetuado também nesta Casa da Lei.

Modesto da Silveira iniciou os discursos parabenizando o Presidente da ABI pelo brilhantismo e a atuação à frente da Associação:
— Conheço Maurício desde a faculdade, onde já se destacava. Ele enfrentou o mais pesado período da ditadura lutando para o restabelecimento da democracia. Tecemos juntos uma teia invisível para chegar a este momento do País de horizontes democráticos, em que podemos vislumbrar e escolher os caminhos políticos.

Em seguida, Orpheu Salles elogiou a iniciativa de Stepan Nercessian em homenagear a ABI e seu Presidente:
— Maurício Azêdo é um dos ícones da imprensa brasileira e teve atuação destacada como Vereador e Presidente da Câmara Municipal. Sua trajetória honra a todos os jornalistas pela luta que travou com altanaria e pompa contra as desgraças da ditadura e em defesa do jornalismo.

Dever cumprido

Orpheu Salles, Stepan Nercessian, Maurício Azêdo, Bernardo Cabral eModesto da Silveira

Bernardo Cabral subiu à tribuna para o que considerou uma das mais justas homenagens ao longo de sua vida:
— Maurício, velho companheiro e querido amigo, é uma das figuras públicas que, ao deixarem os cargos, carregam consigo as orgulhosas cicatrizes do dever cumprido.

A luta contra a ditadura travada pelos membros da mesa de honra e a atuação de Barbosa Lima Sobrinho em defesa da liberdade de imprensa e dos direitos civis foi destacada pelo Senador:
— No período em que presidi a OAB, participei de inúmeros eventos pelo País, ao lado do então Presidente da ABI Barbosa Lima Sobrinho, denunciando a tortura, as prisões e todas as atrocidades cometidas pelo regime. Tive a honra de, junto com Barbosa, empunhar as bandeiras da ABI e da OAB contra a repressão.

A gestão de Maurício Azêdo à frente da ABI e a renovação da entidade também foram enfatizadas:
— Cem anos antes e cem anos depois de Maurício: assim a ABI será lembrada daqui pra frente. A Associação estava perdendo o contato com seus companheiros, mas, pelas mãos dele, todos voltaram, assim como eu também retornei.

 Maurício, Bernardo e Stepan: diploma

Defesa e ajuda

Stepan Nercessian agradeceu a oportunidade de homenagear a ABI e contou que seu primeiro emprego foi no jornal goiano Cinco de Março, onde ingressou aos 11 anos:
— Na época da ditadura, as pessoas procuravam os jornais para se defender e pedir ajuda. Eu e minha família somos muito gratos ao jornalista Batista Custódio dos Santos, que, através de seus artigos, denunciou e ajudou a localizar minha irmã, presa pelo regime em 1965, quando seguia de Goiânia para Brasília.

Encerrando a solenidade, Maurício Azêdo agradeceu a homenagem, afirmando que a ABI não é apenas a instituição fundada por Gustavo de Lacerda, mas, sobretudo, aquilo que os grandes jornalistas, enfrentando dificuldades, ajudaram a alcançar: “O bem essencial que é a liberdade”.
— Como disse certa vez Prudente de Moraes, neto, a liberdade é o nosso clima, e a ABI é incansável nesta missão. Tudo isso só foi possível graças ao Prefeito Pedro Ernesto, que em 1932 assinou o decreto de doação do terreno para a construção da ABI. Pedro Ernesto permitiu que naquele espaço se concentrassem definitivas batalhas, como as campanhas “O petróleo é nosso”, pela Anistia Ampla Geral e Irrestrita e pelas Diretas Já, pela Assembléia Nacional Constituinte e ainda pelo impeachment de Collor, cujo primeiro signatário foi Barbosa Lima Sobrinho.

O Presidente da ABI completou seu discurso falando sobre a emoção de receber a homenagem em nome da Associação:
— Este momento é, sem dúvida, um dos mais marcantes dentre as comemorações pelo centenário da ABI. A Medalha Pedro Ernesto representa um patrimônio moral e cívico que a Associação transmitirá às novas gerações, cumprindo sempre o lema “ABI — Cem anos de luta pela liberdade”.